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quinta-feira, março 28, 2024

A Igreja Universal colocou em protesto um fiel que não pagou o dízimo?

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Carta mostra que a Igreja Universal do Reino de Deus colocou um de seus fiéis em protesto no cartório pelo não pagamento de dízimo! Será que isso é verdade?

O documento começou a ser espalhado no Facebook e em outras redes sociais na primeira semana de maio de 2017 e nele podemos ver o que parece ser uma carta que teria sido enviada pela Igreja Universal do Reino de Deus a um de seus fiéis que, de acordo com o conteúdo da carta, estaria em débito com a Igreja pelo não pagamento de dízimos atrasados.

O documento, assinado por um pastor e por um Presbítero, foi compartilhado milhares de vezes em diversas páginas no Facebook e seria um aviso de que a instituição estaria colocando a dívida em protesto no XV Cartório de Títulos e Notas da Comarca do Rio de Janeiro, em conformidade ao Artigo 756 do Código Civil.

Será que esse documento é verdadeiro ou falso?

Carta de protesto teria sido enviada pela IURD a um fiel inadimplente! Será verdade?

Verdadeiro ou falso?

Analisando o documento, podemos ver logo de cara que não se trata de um documento sério, visto que há vários erros grotescos nos dados apresentados.

Em primeiro lugar, os nomes do pastor e do presbítero não aparecem. Apenas as suas assinaturas.

Uma busca por “presbítero” no site da Igreja Universal não nos retorna nenhum dado. É que a IURD  não possui presbíteros, pois trata-se de uma igreja neo-protestante que optou por não tê-los em seu quadro hierárquico.

Outro ponto que precisamos atentar é que não existe lei que puna quem não devolve (ou paga) o dízimo, pois aos olhos do Estado, isso é uma doação. As igrejas sabem disso (e algumas até tiram proveito disso).

Não há nenhum  XV Cartório de Títulos e Notas da Comarca do Rio de Janeiro. O que encontramos foi o 15º Tabelionato de Notas, mas acreditamos que quem estivesse enviando uma carta de protesto real saberia o nome correto do cartório onde a dívida está protestada, né?  

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Na verdade, o Artigo 756 do Código Civil brasileiro, citado na carta, diz que:

“No caso de transporte cumulativo, todos os transportadores respondem solidariamente pelo dano causado perante o remetente, ressalvada a apuração final da responsabilidade entre eles, de modo que o ressarcimento recaia, por inteiro, ou proporcionalmente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver ocorrido o dano.”

Já o Artigo 1680 diz:

“As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso pessoal do outro. “

Ou seja, nenhum dos dois artigos se referem à títulos protestados! Tudo indica que o autor dessa carta forjada se baseou no Código de 1939, que foi substituído pelo de 1973 e, mais recentemente, pelo de 2015… Mesmo assim, errou.

Caso a carta esteja se referindo ao Código de Processo Civil, o anterior (de 1939) também não se refere à “dívidas” com dízimos. Ele foi substituído pela Lei 13.305, em março de 2015 e, igualmente, não tem nada a ver com o que é citado no documento que se espalhou pela web (Obrigado, @Augusto_NH, pela ajuda).

Além de tudo isso, as doações são (em sua grande maioria) anônimas. Seria bem difícil de saber quem pagou e quem não pagou!

E-farsa antiga

Apesar desse “documento” aparecer em maio de 2017, o boato afirmando que a IURD coloca os fiéis que não pagam o dízimo no SPC é antigo e surgiu no site humorístico G17, em junho de 2011.

O fato do G17 ser famoso por criar notícias humorísticas falsas não impede que muita gente acabe caindo no artigo, acreditando que o que é publicado lá é verdadeiro (teve até jornal processado por causa disso).

Leia a entrevista que fizemos com o criador do G17 e veja que a intenção do blog deles não é a de espalhar notícia falsa, mas de brincar com fatos do dia-a-dia.   

Na ocasião, o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus falou em seu blog a respeito dessa notícia falsa!

Conclusão

A carta de protesto de dívida de dízimo que teria sido enviada pela Igreja Universal a um de seus fiéis “inadimplentes” é falsa!

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Gilmar Lopes
Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas. Trabalha com PHP e banco de dados Oracle e é especializado em criação de ferramentas para Intranet. Em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar também tem um espaço semanal dentro do programa “Olá, Curiosos!” no YouTube e co-apresenta o Fake em Nóis ao lado do biólogo Pirulla! Autor do livro de ficção Marvin e a Impressora Mágica!

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16 COMENTÁRIOS

  1. Claro que é falsa. Isso se chama difamação e é tática comum entre igrejas e ideologistas. Um grupo não gosta do outro, inventa uma mentira pra denegrir a imagem dele. Pior é quando demonizam ou desumanizam o outro grupo. As pessoas não gostam umas das outras quando essas tem ideais diferentes. Desde que essa discórdia exista apenas no âmbito retórico, não há problema, só encheção de saco mesmo. O ruim é quando partem pra violência, exterminar a oposição. Solução definitiva.

  2. Frequento a IURD, mas não faço nenhuma loucura igual muitos fazem, mas gosto de ouvir a palavra. Quando devolvemos o dízimo, o pastor não sabe o valor e nem sabe quem devolveu ou deixou de devolver.
    Você simplesmente coloca o dízimo dentro de um envelope e coloca no alforge (sacola), junto com todos os fiéis, sendo assim o pastor não sabe se você colocou envelope vazio ou muito menos qual valor você devolveu.
    Minha mãe frequentou uma igreja evangélica (não acho necessário iformar o nome), em que ela tinha que escrever o nome dela numa espécie de cartela, para controle.
    Na IURD isso não acontece!

    • O fato de devolver dízimo “anônimo” não é correto. Pois isso pode ser usado pra fazer lavagem de dinheiro. Desse jeito a pessoa pode abrir uma igreja e começar a aparecer com dinheiro e dizer que é dízimo. A minha igreja cada membro tem um envelope onde cada mês devolve o seu dízimo. E sempre recebemos relatórios de nossas doações. Temos um tesoureiro, é ele quem recebe os dízimos e faz o que tem que fazer. O pastor não fica sabendo quanto cada membro devolveu de dízimo. O pastor tem seu salário, que é recebido em conta todo mês, ele não mexe com o dinheiro da igreja. Acho justo pastores que fizeram faculdade de teologia e não tem outro emprego, se dedicam totalmente ao evangelho receber um salário.

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