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Um condenado morreu ao ser enganado que seu sangue estava sendo drenado?

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Um condenado morreu ao ser enganado que seu sangue estava sendo drenado?

Um condenado morreu ao ser enganado que seu sangue estava sendo drenado?

É verdade que um cientista do Arizona provou com um experimento que basta o cérebro acreditar que está havendo uma hemorragia para fazer com que o corpo pare de funcionar?

A história do experimento é antiga, mas voltou a aparecer nas redes sociais na segunda semana de novembro de 2019. De acordo com o texto, um cientista de Phoenix, no estado norte-americano do Arizona, queria provar que ao fingir uma hemorragia em uma pessoa, a cobaia acabaria morrendo por parada cardíaca!

Para conseguir provar sua teoria, o cientista teria conseguido um condenado à morte que iria ser executado na penitenciária de St Louis (Missouri) e havia lhe proposto fazer um pequeno corte em seu pulso. Caso o sangue coagulasse, o detento seria libertado e, caso contrário, a cobaia iria falecer pela perda do sangue.

O texto, publicado no Twitter pelo perfil @Catsorti no dia 17 de novembro de 2019 (arquivado aqui), teve mais de 66 mil curtidas e foi retuitado mais de 32 mil vezes e fala ainda que o condenado teria aceitado participar do experimento e, sem saber que não era seu sangue que estava vazando e, sim, gotas de soro, acabou morrendo por causa de uma parada cardíaca!

Será que isso é verdade mesmo?

Experimento feito com um condenado à morte teria causado uma parada cardíaca ao fazer o cérebro acreditar que havia uma hemorragia! Será verdade? (foto: Reprodução/Twitter)

Verdade ou mentira?

A mensagem por trás dessa história é a de que seu cérebro pode fazer coisas incríveis, desde que você acredite… Ou seja, “papo de coach“ sem nenhum embasamento científico!

Uma busca na web por mais detalhes sobre esse “experimento científico” e nos deparamos com versões dessa mesma história (com algumas variações) datadas de 2003Na ocasião, a mensagem afirmava que o tal experimento da “perda de sangue” teria sido uma das reportagens da revista Superinteressante, informação negada pela revista.

Origem

Ao que tudo indica, essa lenda surgiu primeiramente em inglês, com uma variação de um texto publicado no livro Drunkcow Landmines, de Daryl Meakes. Na versão original, o artigo fictício queria provar o poder da hipnose e a cobaia tinha apenas uma toalha molhada na cabeça (que lhe deu a impressão de que sua cabeça estava sangrando).

Mais antiga ainda é outra versão – também em inglês – onde um sujeito teria morrido “congelado” após ficar preso em um freezer… desligado! Como o cérebro não sabia desse detalhe, o homem acabou acreditando que estava congelando dentro do aparelho e teria falecido.

A falta de detalhes nesse tipo de mensagem denuncia a farsa. O nome do pesquisador e/ou da “cobaia” nunca é revelado. Assim como o nome da instituição onde o experimento teria ocorrido.

Uma curiosidade nesse texto de autoajuda é que o estado norte-americano do Missouri não tem a pena de morte por eletrocução. Segundo o site Death Penalty Information Center, no Missouri há na lei “apenas” a possibilidade de execução por injeção letal e gás.  

Além disso, não há nenhum estudo científico a respeito desse estudo e tampouco nenhuma comprovação de que o cérebro faça o coração parar apenas por “acreditar” que o sangue foi drenado. 

Conclusão

Assim como outras historinhas de autoajuda apresentadas por coaches famosos, mais uma vez, estamos diante de uma lenda urbana. Esse experimento nunca existiu!

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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