Alexandre de Moraes determinou que o criador das urnas eletrônicas está foragido?
Ministro do STF teria expedido mandado de prisão contra o criador das urnas eletrônicas que, a partir de agora, é considerado foragido da justiça! Será que isso é verdade?
A alegação surgiu no final de dezembro de 2025, se espalhando nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp e Telegram. De acordo com o que foi disseminado, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes teria expedido um mandado de prisão contra o engenheiro Carlos César Moretzsohn Rocha, alegado criador das urnas eletrônicas, mas como Rocha não foi encontrado no endereço registrado e não informou um novo local de moradia, a Polícia Federal teria declarado que ele agora estaria foragido.
Carlos César teria sido condenado a 7 anos e meio de prisão por ousar questionar sua própria criação, mesmo conhecendo os detalhes e as fragilidades das urnas eletrônicas.
Será que isso é verdade ou mentira?

Texto de uma das versões compartilhadas no Twitter: “Criador da urna eletrônica é considerado foragido por Moraes. O ministro Alexandre de Moraes expediu mandado de prisão” (Foto: Reprodução/Twitter)
Verdade ou mentira??
É verdade que o ministro do STF determinou a prisão de Carlos César Moretzsohn Rocha, mas ele não foi o criador das urnas eletrônicas.
De fato, Rocha entrou em 1996 com um pedido de patente para um “equipamento para votação eletrônica” no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). No entanto, o pedido de patente do engenheiro foi negado pelo instituto, por “falta de requisito de novidade”, pois o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já havia publicado um edital um ano antes, detalhando as especificações do equipamento.
Um ano antes, a empresa que venceu a licitação aberta pelo TSE subcontratou a Omnitech Serviços em Tecnologia e Marketing LTDA para desenvolver o hardware do equipamento. É importante ressaltar que Carlos Rocha é sócio da Omnitech, mas a propriedade intelectual do projeto das urnas eletrônicas é do Tribunal Superior Eleitoral.
A urna eletrônica estreou nas eleições de 1996 e foi o resultado de um projeto de engenharia em conjunto com especialistas em informática, eletrônica e comunicações da Justiça Eleitoral, das Forças Armadas, do Ministério da Ciência e Tecnologia, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e do Ministério das Comunicações.
Em novembro de 2021, Carlos César Moretzsohn Rocha abriu o Instituto Voto Legal para atuar no suporte técnico na área da tecnologia da informação, em um apartamento na zona sul da cidade de São Paulo. Em 2022 o Partido Liberal (PL) contratou o instituto para auditar as eleições e recebeu um relatório que apontava, sem provas, que servidores do TSE poderiam fraudar as urnas eletrônicas.
O documento serviu de base para a divulgação de um pedido do PL para que o TSE anulasse os votos das urnas eletrônicas fabricadas antes de 2020, o que daria a vitória das eleições presidenciais para Jair Bolsonaro.
Na ocasião, o TSE solicitou também o mesmo relatório, só que com os dados do primeiro turno, que havia elegido o PL como na maior bancada do congresso. Após a negativa do PL e à total falta de evidências que comprovariam fraude, o Tribunal Superior Eleitoral condenou – por unanimidade – o PL ao pagamento de multa de R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé.
Em novembro de 2024, o engenheiro César Rocha foi um dos indiciados pela Polícia Federal no inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022. No dia 27 de dezembro de 2025, Rocha foi um dos dez alvos de prisão domiciliar determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, mas como não foi encontrado em sua casa e sua defesa não informou sua localização, ele passou a ser considerado foragido da Justiça pela PF.
Conclusão
É verdade que o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão de Carlos César Moretzsohn Rocha, mas ele não foi o criador das urnas eletrônicas!








