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quinta-feira, maio 9, 2024

A urna eletrônica brasileira foi invadida por hackers nos Estados Unidos?

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Homem afirma em vídeo gravado no Senado Federal que as urnas eletrônicas foram invadidas em uma convenção de hackers realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos! Será verdade?

Um trecho do depoimento de um influenciador português, gravado no Senado Federal, começou a se espalhar nas redes sociais no final de abril de 2024, e traz uma acusação muito grave. Segundo o homem que aparece no vídeo, as urnas eletrônicas brasileiras teriam sido invadidas por hackers em poucos minutos, durante uma convenção de hackers realizada em Las Vegas (EUA) em 2019, e que a rede Globo teria noticiado esse fato sobre a fragilidade da segurança do nosso sistema eleitoral!

Será que isso é verdade?

Texto de uma das versões compartilhadas no Twitter em abril de 2024: “AGORA – Jornalista Português, Sérgio Tavares, diz que as urnas eletrônicas são hackeáveis e que apenas países de terceiro mundo usam elas! ‘Elas são hackeáveis, como a Globo anunciou em 2019 em uma convenção de hackers em Las Vegas’.” (foto: Reprodução/Twitter)

Verdade ou mentira?

Procurando pela origem do vídeo do qual foi extraído esse trecho, chegamos à participação do português autointitulado jornalista Sérgio Tavares, em audiência ocorrida no dia 23 de abril de 2024 no Senado Federal. Na ocasião, ele falou aos senadores sobre sua detenção no dia 25 de fevereiro, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Segundo Tavares, sua prisão teria sido motivada pelas suas críticas à suposta fragilidade da segurança das nossas urnas eletrônicas:

“Eles deveriam ser os primeiros a saber que as urnas eletrônicas são hackeáveis, comprovadamente hackeáveis, como a Globo noticiou em 2019, numa convenção de hackers em Las Vegas, onde, em poucos minutos, os hackers entraram nas urnas no mesmo modelo brasileiro”

Apesar da Globo ter realmente apresentado uma reportagem sobre um congresso hacker que teria invadido urnas eletrônicas nos Estados Unidos, o caso ocorreu em 2017 e as urnas invadidas eram norte-americanas. Muito diferente do equipamento usado pelo Tribunal Superior Eleitoral no Brasil.

A 25ª edição da conferência de hacking Def Con reuniu, em 2017, diversos especialistas em segurança digital para testar a segurança dos equipamentos eletrônicos usados nas eleições norte-americanas. Nessa convenção, os hackers presentes levaram cerca pouco mais de 1h30 para burlar os equipamentos. 

Os estados norte-americanos utilizavam 30 modelos de urnas eletrônicas em 2017 para computar votos, e dessas, foram testadas os modelos Sequoia AVC Edge, ES&S iVotronic, AccuVote TSX, WinVote e Diebold Expresspoll 4000. É importante ressaltar que nenhum desses aparelhos eram brasileiros ou foram usados nas eleições no Brasil.

O Tribunal Superior Eleitoral enviou dois técnicos da sua Secretaria de Tecnologia da Informação para a Def Con de 2017 para que eles pudessem acompanhar de perto os testes de invasão na conferência hacker. Os profissionais relataram que os problemas encontrados nos equipamentos norte-americanos foram:

  • software desatualizado, com vulnerabilidades conhecidas e bem documentadas na internet;
  • suporte à comunicação via rede, com e sem fio; 
  • hardware antigo com interfaces de depuração expostas na placa; 
  • e inexistência de proteção de dados por criptografia ou assinatura digital.  

Diferente do que acontece nos Estados Unidos, as urnas utilizadas nas eleições brasileiras não possuem nenhuma conexão externa. Funcionam 100% do tempo desconectadas da internet ou de quaisquer outras redes. Além disso, o TSE está sempre investindo em novas camadas de segurança a cada novo pleito, sempre com a participação de diversos órgãos e da sociedade.

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O Tribunal Superior Eleitoral fez um vídeo explicando novamente a verdade sobre o evento hacker ocorrido em 2017:

Conclusão

Não é verdade que as urnas eletrônicas brasileiras foram invadidas durante um evento hacker ocorrido nos Estados Unidos!

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Gilmar Lopes
Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas. Trabalha com PHP e banco de dados Oracle e é especializado em criação de ferramentas para Intranet. Em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar também tem um espaço semanal dentro do programa “Olá, Curiosos!” no YouTube e co-apresenta o Fake em Nóis ao lado do biólogo Pirulla! Autor do livro de ficção Marvin e a Impressora Mágica!

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