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sábado, abril 27, 2024

Estátua feita por povos antigos do Equador é igual à escultura assíria! Coincidência?

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Imagem compara uma estátua de um homem-pássaro feita por povos antigos no Equador com uma escultura assíria encontrada a mais de 12 mil km de distância! Como isso é possível?

A colagem de imagens circula há anos na web, mas sempre volta a ser compartilhada em grupos sobre ufologia e temas correlatos. Nela podemos ver uma estátua, que teria sido descoberta por arqueólogos no Equador, e uma escultura encontrada no local onde já foi a Mesopotâmia.

O curioso é que ambas imagens são muito parecidas, o que levanta algumas dúvidas: como povos separados por milhares de quilômetros e de centenas de anos criaram esculturas tão semelhantes? Será que alienígenas humanoides visitaram a Mesopotâmia e o Equador e foram representados pelos humanos em sua arte? 

Será que essa história é real?          

Coincidência? Povos tão distantes, no tempo e no mapa, criaram figuras iguais? (foto: Reprodução/Twitter)

Verdade ou mentira?

Já mostramos aqui no E-farsas que casos como esse aparecem aos montes na internet todos os dias e o tema atrai um público enorme. Geralmente, são pessoas que gostam de alimentar teorias da conspiração que envolvem “provas” de que alienígenas nos visitaram com suposto acobertamento dos governos mundiais. 

Em outros casos, criam-se teorias sobre possíveis viajantes do tempo ou de outras galáxias, que deixaram objetos em épocas diferentes das originais, como explicamos na checagem sobre um relógio suíço encontrado em uma tumba de 400 anos, séculos antes da invenção do aparelho. Na época, explicamos que o local onde a tumba foi encontrada havia sido contaminado por alguém anos antes do início das escavações.

O exemplo acima serve para mostrar como é fácil se deixar enganar por “evidências” disseminadas nas redes sociais e nos leva ao caso da estátua supostamente feita por um povo que viveu no Equador ser muito parecida com uma escultura feita bem longe dali. Mas calma que vamos explicar a seguir.

A escultura representa o espírito protetor com cabeça de águia de Nimrud, e foi descoberta no Templo de Ninurta, em Ninrude (sítio arqueológico localizado em Calú). Atualmente está em exposição no Museu Britânico, em Londres (Reino Unido). Ela data algo em torno de 865 a 860 AC.

Quanto à estátua supostamente feita por povos antigos do Equador, trata-se de uma réplica feita recentemente, possivelmente entre os anos de 1960 e 70.

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Em 1927, o missionário italiano Carlo Crespi chegou à região amazônica equatoriana de Cuenca, ganhando a simpatia e a confiança dos nativos, que passaram a presentear o sacerdote (em troca de algum dinheiro) com centenas de peças supostamente feitas por povos antiquíssimos. 

É importante ressaltar que muitos itens tinham, de fato, muito valor histórico, como relíquias feitas por indígenas de várias partes daquele país. No entanto, inúmeros “presentes” eram réplicas (algumas bem grosseiras). É o caso dessa estátua que agora circula como sendo de povos ancestrais equatorianos.

Depois de algumas décadas, Crespi já tinha incontáveis artefatos guardados no seu museu particular, que – nos anos de 1960 – foi aberto ao público. O Banco Central do Equador comprou grande parte de seu acervo em 1978.

A fama das relíquias do padre ganhou força após a publicação do livro The Gold of the Gods (O Ouro dos Deuses, em tradução livre), do charlatão suíço Erich von Däniken, em 1974. Na obra, Däniken afirma que havia centenas de placas de ouro com ilustrações belíssimas e enigmáticas (feitas por deuses, segundo o autor).

Em 2016, uma equipe de pesquisadores teve acesso ao acervo deixado pelo missionário no Banco Central do Equador e descobriu que as placas eram, na verdade, feitas de um simples metal maleável e as gravuras pareciam terem sido feitas por crianças. Claramente, Erich von Däniken exagerou muito em seu livro.        

Em 2006, foi aberto um pedido de beatificação de Carlo Crespi, em Cuenca. Sua dedicação ao povo local o fez ser uma personalidade muito querida entre os moradores, sendo lembrado até hoje. 

Conclusão

A estátua supostamente feita por povos ancestrais no Equador é uma réplica da escultura do espírito protetor com cabeça de águia de Nimrud, esculpida há mais de 1 mil anos, na região da Mesopotâmia!

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Gilmar Lopes
Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas. Trabalha com PHP e banco de dados Oracle e é especializado em criação de ferramentas para Intranet. Em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar também tem um espaço semanal dentro do programa “Olá, Curiosos!” no YouTube e co-apresenta o Fake em Nóis ao lado do biólogo Pirulla! Autor do livro de ficção Marvin e a Impressora Mágica!

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