Homem que destruiu relógio em atos golpistas está em liberdade?
Antônio Cláudio Alves Ferreira, que vandalizou relógio antigo durante atos antidemocráticos em Brasília, foi solto após cumprir apenas 2 anos de sua pena?
A notícia surgiu nas redes sociais no dia 19 de junho de 2025 e afirma que o mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, um dos condenados pela participação dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, teria sido colocado em liberdade após cumprir apenas 2 de seus 17 anos de sua condenação. De acordo com o que foi compartilhado nas redes sociais, Ferreira estaria totalmente livre e sem tornozeleira eletrônica.
Será que isso é verdade?

Em diversas publicações, o caso é comparado com o de Débora Rodrigues, outra condenada pelos mesmos atos (Foto: Reprodução/Twitter)
Verdade ou mentira?
É verdade que Antônio Cláudio Alves Ferreira, mas a notícia foi espalhada ignorando um importante contexto.
Em junho de 2024, Ferreira foi condenado a 17 anos de prisão pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Ele aparece em vídeos destruindo um relógio antigo no Palácio do Planalto:
Após cumprir 2 anos e 4 meses de detenção (contando com o tempo em que aguardava julgamento encarcerado), Ferreira foi beneficiado por uma decisão judicial, que lhe concedeu progressão para o regime semiaberto. O benefício foi conquistado depois dele cumprir a fração necessária, não ter cometido nenhuma falta grave e ter boa conduta carcerária.
É importante contextualizar que, conforme decisão, o réu deveria cumprir pena com tornozeleira eletrônica, mas como o estado de Minas Gerais – onde o preso tem residência fixa – não tinha aparelhos disponíveis, o juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro entendeu que o detento não poderia ser prejudicado pela demora do Estado, liberando-o do uso do equipamento.
Segundo o despacho do juiz, o nome do condenado deveria entrar na lista de espera pela tornozeleira e ele ficaria obrigado a comparecer à Justiça assim que houver um dispositivo disponível. O preso também não poderia sair de casa, que fica em Uberlândia–MG, até conseguir provar que existe alguma proposta de emprego.
Ele foi preso novamente
No mesmo dia em que saiu da prisão, Ferreira voltou a ser preso por ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes. O ministro afirmou que o juiz de Minas Gerais não tinha competência para autorizar soltura de condenado e também pediu que a conduta do magistrado fosse apurada.
Para Alexandre de Moraes, o juiz não tinha autorização para tomar a decisão porque o processo tramita no Supremo Tribunal Federal. Além disso, Moraes explicou que Ferreira foi condenado por crimes praticados com violência e grave ameaça, o que exige o cumprimento mínimo de 25% da pena no regime fechado. Como o réu havia cumprido apenas 16% da pena, ainda não poderia se beneficiar da Lei.
Conclusão
É verdade que o golpista que ajudou a vandalizar os prédios da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 foi colocado em regime semi-aberto após cumprir 2 anos de sua pena. No entanto, não havia tornozeleira eletrônica disponível em seu estado. O ministro do STF Alexandre de Moraes cancelou a soltura do réu e o mandou de volta para o regime fechado!
