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terça-feira, março 19, 2024

Cientistas brasileiros descobriram que a proxalutamida cura a COVID-19?

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Será verdade que cientistas brasileiros descobriram que a proxalutamida é a cura definitiva para o novo coronavírus?

A descoberta foi compartilhada através de grupos do WhatsApp na segunda quinzena de março de 2021 e comemora um estudo com a cura definitiva da COVID-19 feito por um grupo de médicos brasileiros e norte-americanos em pacientes com a doença.

Segundo o texto, a proxalutamida seria o medicamento que cura em poucos dias, principalmente dos pacientes acometidos pela variante P1.

Será que isso é verdade mesmo?

Texto de uma das versões compartilhadas em grupos do WhatsApp: “*A CURA DA COVID-19* Ao que tudo indica a cura da Covid-19 parece ter sido descoberta. E a notícia fica ainda melhor quando sabemos que o estudo está sendo realizado no Brasil. O médico brasileiro Flávio Cadegiani e o médico americano Andy Goren lideram o estudo que está sendo realizado no Brasil com o medicamento proxalutamida que apresentou resultados impressionantes inclusive quando testado em pacientes acometidos pela variante P1. O Dr. Azevedo tem uma possível boa notícia para todos nós!”

Verdade ou mentira?

No dia 16 de março de 2021, uma pesquisa feita pelo grupo hospitalar brasileiro Samel em parceria com a empresa norte-americana de biotecnologia Applied Biology apontou que a proxalutamida pode ser capaz de reduzir o tempo de internação e o número de mortes por COVID-19. No entanto, o estudo ainda não foi publicado em nenhuma revista científica e sequer foi validado por outros cientistas.

O resultado do estudo foi apresentado apenas em Power Point, em uma coletiva de imprensa:

 

A proxalutamida 

A droga objeto do estudo é um anti-androgênico usado no tratamento de cânceres relacionados à testosterona como o câncer de próstata. Ainda sob investigação, ela ainda não é comercializada no Brasil e tampouco foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso contra o novo coronavírus. Aliás, o uso da proxalutamida contra a COVID-19 também não foi aprovado na FDA (órgão equivalente à Anvisa nos EUA) ou por qualquer outra agência regulatória de outros países.

O estudo

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De acordo com o grupo que estudou o medicamento, foi acompanhada a evolução do quadro clínico de 590 pacientes pacientes hospitalizados com o novo coronavírus em 12 unidades de saúde de nove cidades amazonenses, sendo administrada a proxalutamida  em 294 pacientes e placebo (uma substância parecida com a droga, mas sem efeito) nos demais doentes com o novo coronavírus.

Os autores do estudo relataram que houve 92% de redução na mortalidade dos pacientes que foram submetidos à proxalutamida e uma diminuição do tempo de internação.

São necessários mais testes e dados

Apesar de publicações nas redes sociais estarem espalhando que a proxalutamida seria a solução definitiva para a cura do novo coronavírus, a verdade não é bem essa. Em entrevista ao portal UOL, o infectologista e professor da Unesp (Univesidade Estadual Paulista) Alexandre Naime explica que:

“Analisando o power point, não dá para saber qual foi o tratamento base, isso é, se além da proxalutamida, os pacientes receberam corticoide, qual foi o tipo de uso do oxigênio ou qualquer outro tipo de intervenção. Sem saber o que os participantes de cada grupo receberam nos 12 hospitais diferentes, é impossível analisar se o efeito de fato foi pelo uso da proxalutamida”

Ao jornal Estadão, a médica infectologista e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Conceição Pedroso disse que ainda é cedo demais para afirmar que essa é a droga para a cura definitiva da COVID. 

“Não se pode dizer que a droga é ‘milagrosa’ até que o estudo seja detalhado em um artigo e depois analisado pela comunidade científica.”, disse a doutora Conceição.

Em entrevista ao jornal Estadão, o próprio co-autor do estudo, Carlos Wambier, diz que os pesquisadores não confirmam que a proxalutamida seja a cura para a covid-19, pois ainda são necessárias mais investigações, inclusive para validar se o mesmo efeito pode ser observado em diferentes populações e com variantes virais.

Conclusão

É errado afirmar que a proxalutamida cura a COVID-19! Foi divulgado um estudo feito com 590 pacientes no estado do Amazonas que mostrou significativa redução na quantidade de mortes e de tempo de internação, mas o artigo ainda não foi publicado em nenhuma revista científica e ainda é preciso muitos testes para a comprovação da eficácia do medicamento! 

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Gilmar Lopes
Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas. Trabalha com PHP e banco de dados Oracle e é especializado em criação de ferramentas para Intranet. Em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar também tem um espaço semanal dentro do programa “Olá, Curiosos!” no YouTube e co-apresenta o Fake em Nóis ao lado do biólogo Pirulla! Autor do livro de ficção Marvin e a Impressora Mágica!

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13 COMENTÁRIOS

  1. mas SE o objetivo de TODOS é SALVAR TODAS AS VIDAS, e se este tratamento JÁ salvou várias vidas, sem contra-indicações, por que não adotá-lo? pq não divulgá-lo?? a não ser que o objetivo NÂO seja salvar vidas…

    • Devemos sempre exaltar e parabenizar os esforços em qualquer área, principalmente entre pesquisadores brasileiros, mas por mais promissor que um teste possa parecer, é errado espalhar que essa é a cura para a doença!
      Além disso, é errado afirmar que não há contraindicações, pois não se sabe ainda o que o consumo desse medicamento para doenças pras quais ele não foi criado pode causar.
      Toda ajuda é bem-vinda, mas – de acordo com o próprio co-autor do estudo – esse remédio não é a cura da COVID.

      • meu caro Gilmar, sou seu seguidor e divulgador, e acompanho o seu belo trabalho há anos, em elucidar casos em busca da verdade. Mas, pelo seu pressuposto acima, então NEM A VACINA pode ser considerada a CURA da Covid, visto não ser 100 por cento eficaz, há efeitos colaterais, e quem se vacina AINDA terá que tomar todos os cuidados anteriores, pq não está imune totalmente…. Acho que está havendo um viés ideológico em suas últimas publicações acerca da covid…., me desculpe a franqueza. Abraço

        • Não, não é. A vacina não é a cura para a COVID, nunca foi. Porém é o que mais se aproxima de uma, por evitar que os infectados desenvolvam a forma mais grave da doença.

          Note que NENHUM medicamento é 100% eficaz. Inclusive há medicamentos que fazem mal a algumas pessoas, enquanto curam outras. O ponto é que um medicamento para ser considerado eficaz deve fazer mais bem do que mal, ao maior número possível de pessoas por isso devem ser exaustivamente testados com estudos para que sua eficácia seja comprovada. E mesmo as vacinas possuem contraindicações, porém até o momento são o que mais se aproximam com uma relação custo/benefício melhor do que os demais tratamentos até o momento.

          Note que a vacina é PREVENTIVA, não é CURATIVA. Não é “remédio”. Então a comparação é inválida. E até que estudos comprovem a eficácia da proxalutamida e os efeitos colaterais sejam devidamente mapeados, não é recomendada a utilização do medicamento. Não é uma questão de viés ideológico, é uma questão de como a CIÊNCIA funciona. E definitivamente a ciência CAGA para política e para ideais.

  2. Caro Gilmar, discordar do título dado ao compartilhamento não é raro e nem incorreto. Mas se li bem o conteúdo começa dizendo: “Ao que tudo indica, a cura da (…) parece ter sido encontrada”. E em sua conclusão você escreve: “É errado afirmar que a proxalutamida cura a COVID-19!”.

    No entando, não vi isso ser afirmado no compartilhamento. Houve algum equívoco de sua parte que queira corrigir? Não que eu concorde com essas afirmações levianas de que qualquer droga faça efeito por testes com uma quantidade tão pequena de pacientes, mas também não concordo com injustiças. Por gentileza, faça a devida correção do seu equívoco ou removendo a publicação que não tem sentido já que a postagem é tão especulativa quanto a sua publicação é forçada para, talvez ter o que publicar? Não sei. Ou fazendo uma edição simples da postagem colocando que o título, que eu não vi de fato em nenhum lugar de sua postagem mas apenas a sua menção a ele, é falso – se devemos desconfiar, então também podemos fazê-lo de você sem que isso se torne um pecado capital não é mesmo?

    Por fim, muito me entristece ver que aqueles que se dizem luzeiros em um mundo de trevas estão apagando as luzes, apenas para não ficar sem publicar nada. Buscar a verdade é nobre, fabricar uma mentira para apontar uma “verdade” é repugnante.

      • Concordo plenamente. E não foi o que eu li na postagem do conteúdo que você colocou como referência para desmentir. Eu li que parecem ter encontrado uma possível cura. É diferente.

        Desmentir pelo título, pode até ser, mas eu não vi o título então não posso dizer. E se vocês são os primeiros a criticar os leitores de manchetes, então não deveriam fazer isso. Mas qualquer coisa que apareça agora, sendo estudo ou qualquer coisa que não seja vacina, está sendo “desmentido” forçando demais a barra e isso não está certo. Temos que ter vários lados sempre, caso contrário, não é um debate, não é ciência e não é democracia. O que tenho visto é que em nome da democracia, pluralidade e debate se defende a ditadura de opinião suprema ou arautos da verdade. Tudo de que esses discordam, se torna fake ou piada. Isso é perigoso demais. É sempre em nome de uma causa nobre que as maiores atrocidades são cometidas e normalmente é combatendo um mal que na verdade nunca existiu. Este é o meu ponto e eu espero sinceramente que você ponha as mãos na consciência e pondere o que vêm fazendo porque é lamentável esse tipo de atitude diante do que estamos vivendo. É a única coisa que posso fazer, argumentar, então espero que sirva de reflexão ao menos.

        Abraço e boa sorte com o portal. Gosto muito do trabalho de vocês, apesar do que estão fazendo ultimamente.

        • O seu caso é bem fácil de entender. Chama-se analfabetismo funcional. Mas não se sinta só, pois 92% dos brasileiros fazem companhia a ti.

          Não é a toa que é eleitor de quem é e faz os comentários que faz em outros lugares.

      • Bom, não foi o que eu li. A contextualização depende do viés de quem lê? Um site especializado em descobrir a verdade não deveria depender de viés e sim do que realmente está escrito no que se propôe a desmentir. Mas eu já havia lido respostas suas anteriores a outros comentários questionando suas afirmações e já havia percebido que adquiriu o que chamamos de “autoridade”. Então, o ponto não é retirá-la de você. Mas sim que comece a aceitar que pode ser questionado e que pode cometer erros e mesmo assim, tudo bem.

          • Simples, porque não é o que você ou eu lemos (por isso a menção ao viés). Minha expressão “não foi o que eu li”, em bom Português claramente deveria ser compreendida como: Não é o que está escrito. Compreende? Eu não fiz esse explicação com o intuito de ofender-te, é apenas uma explicação de algo que, a meu ver estava claro em meu texto. Por óbvio que, em nenhum momento concordo com afirmações levianas, como já bem comentei anteriormente. No entanto, faça-se justiça com a forma como foi abordado o tema, pois não havia tal afirmação e foi utilizada uma espécie de técnica do espantalho para a apuração e por conseguinte, declaração de conteúdo mentiroso.

            Veja bem, se digo: Vejo uma nuvem escura, acho que vai chover. Quem pode dizer que estou mentindo se a nuvem é comprovadamente vista por todos? Não é certo que nuvens escuras quase sempre são carregadas de grandes quantidades de umidade que se convertem em chuva? Não é certo que, mesmo uma nuvem pode causar chuva em um ponto? Seria esta um “fake news” se realmente não chover ou deve ser respeitado o tempo em que foi escrito e a incapacidade de enxergar o futuro?
            A palavra “acho”, muda o contexto de uma afirmação categórica para uma opinião que pode ou não se traduzir em verdade observável.

            A pouco tempo temos visto uma debandada de pessoas sem o mínimo conhecimento da língua pátria que são engrupidos por joguetes como este apontado acima e, munidos de grandes paixões por temas que parecem puros mas escondem muito dos seus verdadeiros interesses, falam aos quatro ventos sandices que não diriam se soubessem a injustiça que cometem. Mas hoje há até a injustiça do bem não é mesmo? Esse aqui pode injustiçar porque não fala de temas populares, inclusivos ou até mesmo – Pasmem! – pensa diferente de alguns dos mais famosos “pensadores” formados em YouTube, no canal do Felipe Neto, essa grande figura nacional que contribui muito para… para o quê mesmo?. Já aquele outro, foi só um erro coitado! Ele já pediu desculpas e escreveu: “Ainda bem que aprendi.”. Curioso, não? Fica para nós a reflexão.

  3. Adoro essas fake news que apelam para o sentimento de patriotismo. Patriotismo é a bola esquerda do meu saco.

    Brasil produzindo vacinas e medicamentos? Atualmente esse shithole aqui não consegue produzir nem mesmo técnicos de futebol. E só ver a final do campeonato paulista.

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