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quinta-feira, abril 25, 2024

Jumentos estão sendo apreendidos nas BRs e recebendo lacres luminosos para evitar acidentes?

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No dia 19 de junho de 2019, uma página chamada “Notícias no Face“, no Facebook, divulgou uma curiosa informação. Segundo a página, jumentos apreendidos nas rodovias federais (BRs) estariam recebendo “lacres de iluminação noturna” para evitar acidentes. Essa informação viralizou e já foi compartilhada mais de 1,7 mil vezes!

Aliás, também fomos questionados sobre isso em nosso grupo, no Facebook.

Segundo a página, jumentos apreendidos nas rodovias federais estariam recebendo “lacres de iluminação noturna”.

Entretanto, será que essa história é verdadeira? Jumentos estariam sendo apreendidos e recebendo algum tipo de adorno reflexivo para evitar acidentes? Descubra agora, aqui, no E-Farsas!

Verdadeiro ou Falso?

Tanto a história quanto as fotos são referentes a uma ideia divulgada por um deputado estadual de Pernambuco, porém no último trimestre de 2017. Além disso, a ideia era limitada a municípios do Sertão de Pernambuco, e os jumentos “sinalizados” não eram apreendidos naquela ocasião. Desde então, não houve mais notícias sobre a implementação dessa ideia. Atualmente, não encontramos nenhuma medida em vigor para a sinalização de muares, asininos ou equinos, em escala nacional.

Portanto, é falsa a alegação da página “Notícias no Face” – destinada a “divulgação de acontecimentos policiais do Estado do Rio Grande do Norte” – uma vez que pressupõe tratar de uma situação atual e não especifica onde tal medida está ocorrendo.

A Criação de um Parque Ecológico

Em 2013, o então deputado estadual Odacy Amorim (PT), de Pernambuco, criou o “Parque Ecológico de Proteção ao Jumento”, um local estruturado e amplo, na região de Rajada, distrito de Petrolina. Ele teria investido cerca de R$ 250 mil na implantação do Parque Ecológico, em parceria com o “Instituto Qualyvida”, responsável por administrar o espaço. Inicialmente, o local tinha capacidade para abrigar cerca de 300 animais.

Posteriormente, por uma questão de espaço, o parque foi transferido para uma área dentro de uma fazenda de Lagoa Grande, cidade localizada há 50 km de Petrolina, no Sertão do São Francisco. Assim sendo, a capacidade aumentou para 2 mil animais. Há muitas informações divergentes em relação a quantos animais esse parque abrigou ao longo dos anos. Há quem diga que o número que tenha girado em torno de mil animais. É interessante destacar que, apesar do foco ser o jumento, o parque também abrigava mulas e cavalos.

Em razão da falta de verbas para a alimentação dos animais, esse parque quase fechou em 2015. Nesse sentido, Odacy sempre reclamou da falta de apoio financeiro por parte do governo estadual e federal. Ele, inclusive, se mostrava bem reticente quanto a agilidade do Ministério Público. Devido a essa constante escassez de recursos financeiros, a estrutura em Lagoa Grande teria sido permanentemente desativada em julho de 2017.

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Aparentemente, a antiga unidade de Petrolina teria retomado as atividades algum tempo depois, visto que ela é citada em uma notícia da Agrovale (uma empresa produtora de açúcar, etanol e bioeletricidade), em outubro do ano passado. Segundo o texto, essa unidade estaria sendo mantida com a ajuda de diversas entidades.

A Fita Reflexiva Proposta por Odacy Amorim

Em outubro de 2017, Odacy divulgou através de suas redes sociais uma ideia sobre uma fita reflexiva, que ao ser colocada no pescoço dos jumentos, tornava-os visíveis à noite para os motoristas. Segundo ele, isso contribuiria para reduzir os acidentes e as mortes – tanto de pessoas, quanto dos próprios animais – a curto prazo. Confira o vídeo abaixo:

https://www.facebook.com/odacyamorimPE/videos/2072823286285488/

O próprio Odacy disse que se tratava de uma medida paliativa e menos onerosa, diante das dificuldades e da impossibilidade de retirada de todos os animais das estradas. Resumindo? A fita era colocada nos animais, porém eles não eram recolhidos das estradas.

Tudo se Resumiu a Apenas Alguns Municípios?

Em novembro de 2017, cerca de um mês depois, o blog “Waldiney Passos” noticiou que os municípios de Afrânio e Ouricuri, ambos em Pernambuco, tinham fechado parceria com Odacy Amorim. O objetivo, é claro, era sinalizar os animais.

Trata-se de uma iniciativa simples, mas extremamente importante, que irá preservar muitas vidas. Só quem percorre as estradas sertanejas é que sabe o perigo que enfrenta. Se conseguirmos, através deste projeto, salvar ao menos uma vida, tudo já terá valido a pena. Agradeço aos prefeitos Rafael Cavalcanti e Ricardo Ramos pelo apoio, e iremos, com certeza, em busca de novas adesões ao nosso projeto“, disse Odacy.

O próprio Odacy disse que se tratava de uma medida paliativa e menos onerosa…

…diante das dificuldades e da impossibilidade de retirada de todos os animais das estradas. Resumindo? A fita era colocada nos animais, porém eles não eram recolhidos das estradas.

Os municípios de Afrânio e Ouricuri, ambos em Pernambuco, tinham fechado parceria com Odacy Amorim.

O objetivo, é claro, era sinalizar os animais.

Desde então, no entanto, não foram divulgadas maiores informações sobre a implementação dessa ideia.

Odacy concorreu a uma vaga de deputado federal nas eleições do ano passado, sendo o candidato mais votado em Petrolina, mas não foi eleito.

Essa Iniciativa Não Foi Originalmente Criada por Odacy Amorim

É importante deixar claro que, apesar da preocupação de Odacy Amorim, essa iniciativa não foi originalmente inventada por ele.

Em maio de 2015, uma matéria exibida no Jornal Nacional, da Rede Globo (arquivo), alertava justamente sobre o perigo de animais cruzando as estradas no Brasil. Nessa matéria fomos apresentados ao inventor Rodolfo Rummenigge, do Estado do Rio Grande do Norte. Ele tinha encontrado uma solução que podia evitar novos acidentes e mortes nas estradas. Juntamente com sua sogra, eles testaram colares contendo faixas reflexivas no pescoço e nas patas de animais.

O resultado foi positivo, visto que os motoristas reduziam a velocidade ao perceberem mais facilmente os animais na pista. Entretanto, se tratava apenas de um teste, não uma iniciativa em escala regional, estadual ou federal. Desde então, também não houve mais notícias sobre a implementação dessa ideia.

Conclusão

Tanto a história quanto as fotos são referentes a uma ideia divulgada por um deputado estadual de Pernambuco, porém no último trimestre de 2017. Além disso, a ideia era limitada a municípios do Sertão de Pernambuco, e os jumentos “sinalizados” não eram apreendidos naquela ocasião. Desde então, não houve mais notícias sobre a implementação dessa ideia. Atualmente, não encontramos nenhuma medida em vigor para a sinalização de muares, asininos ou equinos, em escala nacional.

Portanto, é falsa a alegação da página “Notícias no Face” – destinada a “divulgação de acontecimentos policiais do Estado do Rio Grande do Norte” – uma vez que pressupõe tratar de uma situação atual e não especifica onde tal medida está ocorrendo.

De qualquer forma, é uma pena que uma medida tão simples tenha sido aparentemente deixada de lado. Algo relativamente barato, e que talvez ajudasse a resolver um problema crônico no Brasil. Quem sabe ainda não ouviremos falar sobre isso num futuro próximo?

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Marco Faustinohttp://www.e-farsas.com/author/marco
Jornalista e colaborador do site de verificação de fatos E-farsas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. Entre junho de 2015 e abril de 2018, trabalhei como redator do blog AssombradO.com.br, além de roteirista do canal AssombradO, no YouTube, onde desmistificava todos os tipos de engodos pseudocientíficos e casos supostamente sobrenaturais.

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5 COMENTÁRIOS

  1. Seria muito bom, se isso viesse a acontecer mesmo. O choque com um animal desse porte pode provocar a morte dos dois lados, tanto do animal quanto dos ocupantes do veículo. Na década de 70 (não lembro mais o ano corretamente) um ônibus, onde estava minha prima, colidiu com uma vaca na estrada e caiu num rio, provocando a morte de várias pessoas.

  2. Quem dera essa noticia fosse verdadeira. Quem viaja sabe o perigo que é. quem ja teve famliar que colidiu com um sabe mais ainda

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