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Alguns povos antigos sacrificavam maus políticos para combater pandemias?

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Alguns povos antigos sacrificavam maus políticos para combater pandemias?

Alguns povos antigos sacrificavam maus políticos para combater pandemias?

É verdade que alguns povos antigos tinham o costume de sacrificar os maus políticos aos deuses para combater pandemias?

A imagem começou a se espalhar através das redes sociais na segunda semana de junho de 2020 e mostra uma ilustração do que parece ser uma cerimônia de sacrifício humano e, junto com ela, um texto afirma que alguns povos antigos tinham o costume de sacrificar maus políticos numa tentativa de acabar com pandemias.

Em apenas uma das publicações a respeito feitas no Facebook, o assunto alcançou milhares de compartilhamentos, mas será que isso é verdade ou mentira?

Texto que acompanha uma das versões espalhadas também em grupos do WhatsApp na segunda semana de junho de 2020: “Alguns povos antigos tinham o costume de sacrificar seus maus políticos aos deuses para combaterem uma pandemia. Sei lá… Só estou dando uma ideia…” (foto: Reprodução/Facebook)

Verdade ou mentira?

Apesar dessa afirmação circular com força em grupos do WhatsApp no final da primeira quinzena de junho de 2020, uma busca no Facebook revela que isso já era espalhado no Facebook semanas antes:

Outra imagem com o mesmo texto!

A imagem contendo o texto afirmando que povos antigos sacrificavam políticos ganhou versões em outros idiomas, como em italiano por exemplo!

Na versão abaixo, um professor afirma ainda que os tais povos antigos teriam vivido no século XV:

Na Wikipédia há um verbete bastante completo (em inglês) a respeito de sacrifício humano e não há nenhuma menção à sacrifícios de políticos. Basicamente, o escolhido era alguém do povo (crianças, em algumas vezes). 

Em relação à uma das imagens usadas para ilustrar a alegação, trata-se de uma ilustração feita em um vaso maia datado entre 600 e 800 da Era Comum, que mostra um senhor maia sendo presenteado com uma tigela de espuma de cacau ou chocolate. Nenhuma relação com sacrifícios!

Quanto à outra ilustração que também foi bastante compartilhada, trata-se de uma representação feita no século 19 do que seria uma cerimônia de sacrifício humano do povo asteca. Curiosamente, o povo asteca tinha 18 festas anuais e, em cada uma delas, uma pessoa do povo era sacrificada.

Sacrifícios tinham conotação religiosa

Como explicado aqui, o sacrifício humano era importante na cultura asteca como forma de representar uma hierarquia social entre sua própria cultura e os inimigos que cercavam sua cidade. Ou seja, os mais altos na hierarquia social sacrificavam os das classe mais baixas, que – em alguns casos – se ofereciam para o ritual como uma chance de “morrer para um bem maior”. Pode até ser que nobres e políticos da época possam ter aproveitado alguma dessas cerimônias para se livrar de algum desafeto, mas não encontramos provas disso e, mesmo que tenha ocorrido, os motivos do sacrifício não seriam para “acabar com pandemias”. 

Conclusão

Não encontramos provas de que algum povo antigo teve o costume de sacrificar políticos maus na esperança de acabar com pandemias! Ao que tudo indica, essa afirmação surgiu somente no final de maio de 2020! 

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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