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quinta-feira, março 28, 2024

OVNIs misteriosos foram vistos sobrevoando a Região Metropolitana de Curitiba/PR?

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Será verdade que supostos OVNIs deixaram moradores da Região Metropolitana de Curitiba assustados na noite de 28 de janeiro de 2019? Bem, é isso que foi alegado pelo site da rádio “Banda B” em um curto artigo publicado na manhã do dia seguinte (29/01).

Um entusiasta de OVNIs e um ufólogo foram consultados pelo “Banda B”, e ambos não souberam responder sobre o que teria sido filmado naquela noite. Contudo, será mesmo que tais “objetos voadores” eram impossíveis de serem identificados, e até poderiam ser naves extraterrestres de outro planeta? Descubra agora, aqui, no E-Farsas!

Entendendo a História e os Vídeos que Foram Divulgados

Conforme dissemos anteriormente, no dia 29 de janeiro de 2019, o site “Banda B” publicou um artigo intitulado “Moradores de cidades da RMC se assustam com supostos OVNIs; vídeos.  No texto foi informado, que vídeos tinham viralizado através do WhatsApp e das redes sociais, e mostrariam uma possível aparição de OVNIs nas cidades de Quatro Barras e Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. Todos os três vídeos apresentados no artigo teriam sido gravados na noite anterior.

Captura de tela mostrando um trecho do que foi publicado pelo site “Banda B”, lembrando que o texto foi publicado na manhã de 29 de janeiro de 2019, uma terça-feira, logo os vídeos teriam sido disseminados na noite anterior, em 28 de janeiro de 2019, uma segunda-feira. Resumindo? O texto possui um erro considerável em termos de data.

Então, foi consultado um delegado aposentado chamado Gerson de Mello, que tinha um grupo sobre OVNIs, no WhatsApp, que aparentemente foi o responsável por coletar tais relatos e vídeos. Ele disse que estava em Santa Catarina, mas que tinha um grupo de pesquisadores em Campina e Quatro Barras, alegando que esta última fosse uma “área quente de OVNIs, em razão dos minérios”.

Quem também foi consultado foi o amplamente conhecido ufólogo Ademar José Gevaerd, conferencista e editor da Revista UFO, uma publicação do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), entidade do qual também é fundador e presidente. Ele também é diretor brasileiro da Mutual UFO Network (MUFON), que você já deve ter lido em alguma postagem recente que fizemos sobre supostos OVNIs ao redor do mundo. Munido de décadas de experiência, ele não soube dizer o que eram os tais objetos, alegando, ipsis litteris:

O objeto está distante, não dá para ver muita coisa. A distância e ausência de um ponto de referência impede uma análise mais clara do objeto, mas não se pode descartar nada. O que chama a atenção é que temos recebido vídeos semelhantes em Araucária, Campo Largo e Pinhais

Ademar José Gevaerd, conferencista e editor da Revista UFO, uma publicação do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), entidade do qual também é fundador e presidente. Ele também é diretor brasileiro da Mutual UFO Network (MUFON), que você já deve ter lido em alguma postagem recente que fizemos sobre supostos OVNIs ao redor do mundo.

Ele também ressaltou que Curitiba era a capital dos OVNIs, e que os relatos de aparições tinham crescido nos últimos meses, alegando que as pessoas estavam mais encorajadas a relatar tais avistamentos. Enfim, aproveitem e assistam os vídeos abaixo, que foram publicados pelo canal da rádio “Educadora”, no YouTube, na ordem que eles aparecem no site da “Banda B”:

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Agora, será que realmente não podemos chegar a uma conclusão sobre esses três vídeos? Será que realmente não podemos descartar nada, e considerar essas três filmagens como potenciais OVNIs, quiçá naves extraterrestres? É isso que vocês conferem a partir de agora!

Verdade ou Mentira? A Investigação Relacionada aos Três Vídeos Divulgados pelo site “Banda B”

Os “objetos” dos três vídeos não são OVNIs, uma vez que foi possível identificá-los rapidamente. Para nos auxiliar nessa pequena jornada eu convidei o Scott Brando, do UFO of Interest, um dos principais nomes internacionais, quando o assunto é desmistificar vídeos de supostos OVNIs, e o Marco Migoranca, entusiasta e curador do SIPEA (sigla para Sistema de Pesquisa Sobre Evidências Anômalas), um grupo que retrata relatos paranormais, casuística ufológica, além de desmontar mentiras, falácias e montagens divulgadas na internet.

Essa foi a resposta que tive do Scott Brando:

Hi Marco, watching the videos I agree with you. I see different “flying objects” such as nav lights from helicopters, lens flares and a star/planet out of focus.

Segundo Scott, estávamos diante de um helicóptero (1º vídeo), um planeta ou estrela fora de foco (2º vídeo) e lens flare (3º vídeo). É importante ressaltar nesse ponto, que essa foi apenas a primeira impressão dele, visto que não houve nenhuma elaboração de relatórios de sua parte sobre os mesmos. Assim sendo, resolvi pedir a opinião do Marco Migoranca, que fez uma análise bem mais técnica dos tais supostos OVNIs. Vamos aos casos!

1º Vídeo: O OVNI era tão Somente uma Aeronave

Em seu relatório, Marco Migoranca disse que o vídeo em questão mostrava uma luz trêmula, bem difícil de ser identificada. Porém, analisando frame a frame era possível notar duas luzes: uma vermelha e outra verde, compatíveis com as luzes de navegação de uma aeronave.

Em seu relatório, Marco Migoranca disse que o vídeo em questão, mostrava uma luz trêmula, bem difícil de ser identificada. Porém, analisando frame a frame era possível notar duas luzes: uma vermelha e outra verde, compatíveis com as luzes de navegação de uma aeronave.

Foto mostrando essas luzes de navegação na prática

Segundo o relato veiculado no site “Banda B”, as luzes foram vistas na região da cidades de Quatro Barras e Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. Então, Marco foi buscar no “AIS Web”, do DECEA/FAB, o tráfego aéreo nessa região através das cartas de voo, e encontrou uma carta de aproximação (STAR) do terminal de Curitiba, para pouso no aeroporto Afonso Pena – SBCT:

A carta do tipo STAR não é exatamente uma carta de pouso, mas uma carta de aproximação,  que levará o piloto até a “esquina” do aeroporto, onde ele passa a usar a carta IAC, não mostrada aqui por não ter relação com o caso. Todas as informações contidas nessa carta, já estão dentro do computador do avião, conhecido como “FMC” (“Flight Management Computer“). Esse computador usa vários parâmetros para saber onde está, desde um moderno sistema inercial de navegação (o avião sabe exatamente onde está), além de antenas de navegação como VORs, NDBs, e algum auxílio de GPS e GNSS. Esse “mix de navegação” permite o avião cumprir um procedimento de navegação chamado RNAV.

Esse tipo de navegação, por ser alta precisão , possibilita que o avião cumpra exatamente todas as etapas que a carta propõe, não deixando dúvidas que, sobre a cidade de Quatro Barras/PR passa uma aerovia de aproximação onde os aviões voam por volta de 7000 pés (cerca de 2.000 metros de altitude).

Após essa explicação, uma vez que um avião permanece precisamente sob uma aerovia, Marco Migoranca propôs uma comparação das asas enflechadas à esquerda, e a direita as luzes de navegação:

Após essa explicação, uma vez que um avião permanece precisamente sob uma aerovia, Marco Migoranca propôs uma comparação das asas enflechadas à esquerda, e a direita as luzes de navegação

Assim sendo, temos a seguinte conclusão referente ao primeiro vídeo:

  • Cores das luzes de navegação de uma aeronave compatíveis com o vídeo;
  • Carta de voo com procedimento de pouso sobre a cidade do suposto avistamento;
  • Disposição das luzes também compatível com o procedimento da carta de voo mostrada acima;
  • Há também no vídeo, piscadas de luz compatíveis com as strobe lights de um avião;
  • O mapa da região de Quatro Barras e a carta STAR de aproximação no aeroporto Afonso Pena, também são compatíveis.

Resumindo? Trata-se de uma aeronave! Para saber qual seria precisamente essa aeronave seria necessário consultar o site Flightradar24.com, em sua versão paga, e saber o horário exato que a filmagem foi realizada. Vocês também podem fazer o download do relatório clicando aqui.

2º Vídeo: O OVNI era tão Somente uma Estrela Fora de Foco

Segundo Marco Migoranca, não há muitas informações sobre o tipo de câmera ou celular utilizado para obter o vídeo, porém a explicação desse “avistamento” parecia ser bem simples. Ele recorreu ao calendário lunar, e observou que a Lua havia entrado em fase Quarto Minguante no dia 27 de janeiro de 2019, um dia antes que teria sido realizada a filmagem. Ainda segundo ele, é durante a Lua Minguante, que ocorrem os melhores dias para observação estelar no céu, tendo em vista a ausência de luz que a Lua reflete do Sol.

Segundo Marco Migoranca, não há muitas informações sobre o tipo de câmera ou celular utilizado para obter o vídeo, porém a explicação desse “avistamento” parecia ser bem simples. Ele recorreu ao calendário lunar, e observou que a Lua havia entrado em fase Quarto Minguante no dia 27 de janeiro de 2019, um dia antes que teria sido realizada a filmagem.

Ao acessar o Flickr (site da web de hospedagem e partilha de imagens como fotografias, desenhos e ilustrações), ele se deparou com a estrela mais imponente nas noites de Lua Minguante: Sirius A, a brilhante da constelação de Cão Maior (Canis Major), localizada a 8,6 anos luz da Terra. Ao compará-las, Marco Migoranca disse que se tratava da mesma imagem, dada a forma (não da estrela, mas como o sensor da câmera compreende a imagem). Aliás, nesse ponto vale lembrar que, se a imagem captada pela pessoa, for mesmo de Sirius A, na verdade a imagem que estamos vendo é de 2010, tendo em vista que ela levou aproximadamente 9 anos para chegar até a Terra.

Ao acessar o Flickr (site da web de hospedagem e partilha de imagens como fotografias, desenhos e ilustrações), ele se deparou com a estrela mais imponente nas noites de Lua Minguante: Sirus A, a brilhante da constelação de Cão Maior (Canis Major), localizada a 8,6 anos luz da Terra. Ao compará-las, Marco Migoranca disse que se tratava da mesma imagem, dada a forma (não da estrela, mas como o sensor da câmera compreende a imagem).

Aplicando algumas correções de luz na imagem do WhatsApp, ficaria bem difícil não associá-las como sendo o mesmo astro observado:

Aplicando algumas correções de luz na imagem do WhatsApp, ficaria bem difícil não associá-las como sendo o mesmo astro observado.

Assim sendo, temos a seguinte conclusão referente ao segundo vídeo:

Considerando ser uma observação feita durante a Lua Minguante, e pelas características do brilho levemente em tom azulado, utilizando o método de comparação, fica bem claro que o objeto observado, trata-se da Estrela Sirius A. Vocês também podem fazer o download do relatório clicando aqui.

Além da conclusão fornecida pelo Marco Migoranca, gostaria de mostrar a vocês um vídeo muito interessante que encontrei no YouTube, e que mostra que isso não é nenhum OVNI, ou seja, “objeto voador não identificado”. Qualquer pessoa, que estivesse acostumada a ver tais filmagens rapidamente saberia que se trataria de um planeta ou estrela fora de foco. Confira o vídeo abaixo, que foi publicado pelo canal “Cloud Skipper”, no YouTube (o mais importante para nós acontece em 17s):

Notaram o que acontece, quando se filma um planeta ou uma estrela fora de foco? Tal situação também acontece quando filmamos lanternas chinesas, algo muito pouco comum aqui no Brasil, mas relativamente comum em outros países:

https://www.youtube.com/watch?v=dYUJGCuoY1M

Entretanto, tais vídeos sempre são divulgados como possíveis “UFOs”, “ORBs” ou “OVNIs”, porque atraem um número maior de acessos do que simplesmente dizer que era um balão, uma lanterna chinesa, um planeta ou estrela fora de foco. Raramente alguém, que faz da Ufologia o seu sustento, se dá ao trabalho de dizer a realidade para as pessoas.

3º Vídeo: O OVNI era tão Somente um Poste de Luz

Segundo Marco Migoranca, o terceiro vídeo exibia uma luz filmada a noite com um celular, que o tempo todo ficava à margem da lateral direita do enquadramento da imagem, e filmada em modo retrato. Assim sendo, ele supôs, que houve um cuidado de quem filmou em não mostrar o ambiente ao redor da luz. Obviamente que, não poderíamos deixar de cogitar a possibilidade da pessoa que filmou simplesmente não ter muita habilidade com a câmera do celular ou com filmagens noturnas. Outro ponto que lhe chamou a atenção foi a proximidade, que o tal “OVNI” estaria, ao ponto de sua luz gerar flares na lente da câmera do celular (o famoso fenômeno chamado de “lens flare“)

Outro ponto que lhe chamou a atenção foi a proximidade, que o tal “OVNI” estaria, ao ponto de sua luz gerar flares na lente da câmera do celular (o famoso fenômeno chamado de “lens flare”).

Então, Marco Migoranca começou testando vários filtros no Magix Vegas e no Photoshop, com o objetivo de ver algo ou alguém que estivesse oculto na penumbra. E eis que ele se deparou com os seguinte frame abaixo:

Frame encontrado por Marco Migoranca (à esquerda), sendo que ele aplicou mais filtros nesse mesmo frame (à direita)

É possível perceber uma haste segurando a luz ou algo comprido, por trás dessa luz! A haste possui um ângulo perfeito, comparada com o tracejado de cor verde que, propositalmente foi inserido na imagem, que veremos a seguir. Então, eis a comparação com um poste de iluminação pública, com o objetivo de analisarmos a disposição que estes ficam instalados:

Comparação entre um poste de iluminação e a luz filmada

Notaram a semelhança? Então, Marco Migoranca disse, que alguém poderia perguntar o que seriam aquelas três luzes alinhadas de forma triangular, abaixo da luz principal. Segundo ele, a resposta era muito simples, bastava pegar uma imagem do Google Street View, para ver como eram os postes de luz, por exemplo, na cidade de Quatro Barras. Para isso ele escolheu uma rua aleatoriamente no mapa. Eis o resultado:

Notaram a semelhança? Então, Marco Migoranca disse, que alguém poderia perguntar o que seriam aquelas três luzes alinhadas de forma triangular, abaixo da luz principal. Segundo ele, a resposta era muito simples, bastava pegar uma imagem do Google Street View, para ver como eram os postes de luz, por exemplo, na cidade de Quatro Barras.

Assim sendo, ele acreditava que as luzes menores, nada mais eram do que os bullets dos fios de energia. Uma outra possibilidade, é que aquelas luzes em formato triangular fossem o reflexo desses suportes.

Assim sendo, ele acreditava que as luzes menores, nada mais eram do que os bullets dos fios de energia. Uma outra possibilidade, é que aquelas luzes em formato triangular fossem o reflexo desses suportes.

De qualquer forma, temos a seguinte conclusão referente ao terceiro vídeo:

Diante de todos os fatos apurados, pode-se concluir que essa luz vinha de um poste de iluminação pública que, diante da penumbra de uma noite sem Lua, e de um possível imaginário construído sobre OVNIs, levou a pessoa a acreditar que havia uma objeto voador parado diante dela ou algo assim. Vocês também podem fazer o download do relatório, clicando aqui.

Conclusão Geral

Os vídeos não retratam OVNIs, uma vez que podemos identificar aquilo que foi filmado. Na sequência dos vídeos divulgados podemos dizer, com ampla margem de certeza, que se trata de três situações diferentes, envolvendo: uma aeronave, uma estrela e um poste de iluminação pública.

É estranho que grupos de pesquisa de OVNIs, que alegadamente dizem ter experiência, não tenham oferecido tais análises ou sugestões, simplesmente considerando até mesmo uma eventual hipótese extraterrestre para as filmagens. De qualquer forma, essa postagem serve para esclarecer o que foi apresentado pelo site da rádio “Banda B”, que apenas divulgou tais opiniões e os respectivos vídeos, porém sem consultar aqueles, que realmente se dispõe a analisar com cautela e de forma metodológica tais casos.

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Marco Faustinohttp://www.e-farsas.com/author/marco
Jornalista e colaborador do site de verificação de fatos E-farsas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. Entre junho de 2015 e abril de 2018, trabalhei como redator do blog AssombradO.com.br, além de roteirista do canal AssombradO, no YouTube, onde desmistificava todos os tipos de engodos pseudocientíficos e casos supostamente sobrenaturais.

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