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quinta-feira, março 28, 2024

Empresa aérea retira azeitona da comida e economiza 40mil por ano!

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Será verdade que o presidente da Américan Airlines economizou 40 mil dólares por ano apenas retirando uma azeitona das refeições servidas nos vôos?

A história já está entranhada no folclore das corporações no mundo inteiro. Em várias palestras, em apresentações de Power Point que recebemos por e-mails e em muitos sites e blogs na web: O presidente da American Airlines Bob Crandall, após vários estudos para descobrir como poderia conter os desperdícios na empresa, determinou que fossem retiradas todas as azeitonas que eram servidas nas saladas dos vôos comerciais da companhia. Com a manobra, a American Airlines teria economizado a incrível quantia de 40 mil doletas por ano!

Mas, será que essa história é verdadeira ou falsa?

Bob Crandall executivo da American Airlines
Bob Crandall - executivo da American Airlines (reprodução)

De acordo com a dupla de escritores Alan G. Robinson e Sam Stern – na página 107 do livro “Corporate Creativity” –, Bob Crandall foi um importante executivo na American Airlines que, depois de passar algum tempo estudando uma maneira de reduzir os custos da empresa, descobriu que 72% dos passageiros não comiam as azeitonas que eram servidas nas saladas durante as viagens aéreas.  Segundo o livro, em 1996 Crandall ordenou que fossem retiradas as azeitonas das saladas e com isso conseguiu economizar mais de US$ 500.000 por ano.

Alan e Sam afirmam ainda que, para evitar algum tipo de problema com a associação dos produtores de azeitonas, a American Airlines se comprometeu a levar um carregamento da fruta em cada vôo, para o caso de algum viajante solicitar (para sua salada ou para o seu Martini).

Já, o escritor David T. Courtwright afirma em seu livro “Sky as frontier: adventure, aviation, and empire” (página 159) que Bob Crandall teria economizado “apenas” US$ 40.000 por ano com a manobra. Courtwright explica que além da redução nas azeitonas, a empresa também iniciou um processo de cortes nos gastos que atingiu até os salários dos pilotos.

O mesmo valor de US$ 40,000.00 foi mencionado por John Marti, em seu livro “Organizational behaviour and management”. Segundo Marti, Bob Crandall teria retirado apenas uma das duas azeitonas que eram servidas na salada aos passageiros.

Apesar de ser uma informação relevante, o fato não é mencionado pelo site da empresa.

Fazendo as contas

Segundo apuramos, a Amerian Airlines chegou a transportar, no auge de sua história, quase 90 milhões de passageiros por ano. Para fins apenas especulativos (e quase “adivinhatórios”!), vamos medir por baixo e supor que fossem servidas “somente” a metade disso: 45 milhões de refeições ao longo do primeiro ano em que teria sido implantado o plano de contenção de gastos de Bob Crandall.

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Se considerarmos que cada azeitona custasse U$ 0,02 em 1996 (lembrando que os números são meramente ilustrativos e não condizem com a realidade da época) teremos a seguinte equação:

Cálculo de economia de azeitonas da American Airlines
Cálculo hipotético da economia de azeitonas da American Airlines

Portanto, em teoria seria possível se economizar até 900 mil dólares em um ano. Bastando para isso, apenas retirarmos uma simples azeitona de cada uma dos milhões de saladas servidas junto com as refeições nos aviões.

É bom também lembrar que, embora a cifra de US$ 40,000.00 pareça uma boa quantia para nós, simples mortais, não representa quase nada para uma empresa multinacional do porte da American Airlines. Podemos considerar que o valor economizado poderia pagar o salário de apenas um funcionário. Uma mixaria!

Comida de avião - Economia teria começado há muitos anos!
Comida de avião - Economia teria começado há muitos anos!

O começo do fim

Verdade ou não, o fato é que a notícia abriu precedentes que deram inicio a uma tendência triste e incômoda para os viajantes de avião. As companhias aéreas, de olho nos lucros e fugindo dos prejuízos, foram diminuindo gradativamente os serviços de bordo a ponto de, nos dias de hoje, o passageiro é obrigado a se contentar com uma simples barrinha de cereal e um copinho de guaraná.

Conclusão

Apesar de já virar uma espécie de lenda no mundo da aviação, a história tem tudo para ser real. Porém, a quantia que teria sido economizada não representa nada para a corporação!

Sites pesquisados

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Gilmar Lopes
Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas. Trabalha com PHP e banco de dados Oracle e é especializado em criação de ferramentas para Intranet. Em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar também tem um espaço semanal dentro do programa “Olá, Curiosos!” no YouTube e co-apresenta o Fake em Nóis ao lado do biólogo Pirulla! Autor do livro de ficção Marvin e a Impressora Mágica!

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9 COMENTÁRIOS

  1. Esta história é “clone” da famosa que diz que Henry Ford certa vez visitando uma de suas empresas petrolíferas viu um soldador vedando os tambores de petróleo, para exportação, e perguntou quantos pingos de solda usava em cada tampa. Resposta “a máquina está calibrada para aplicar 80 pingos em toda a tampa”. Ford perguntou o que aconteceria se ajustasse para 79 pingos de solda. O operário disse que nada aconteceria, pois um pingo não faria diferênça. Ford mandou que ele ajustasse para 79 pingos. Depois de um ano a empresa conseguiu um a economia de U$$ 100,000°°, em solda.

  2. Quando eu viajei para SP em 1991, era um lindo prato, com salada, potinhos de margarina, diferentes tipos de geleias, pão, refrigerantes à vontade, água, café, até bebidas alcólicas…

    Quando fui para SP em 2005, era um copo de Dolly, um sanduíche natural e uma moeda de chocolate…

  3. Realmente os tais U$ 40.000 seriam micharia, mas divulgara talvez tenha sido uma estratégia para justificar as mudanças futuras para economizar valores bem maiores e os clientes se conformarem mais facilmente. Pode parecer teoria da conspiração, mas as empresas certam,ente implantam boatos, ou para favorecer seus negócios como para prejudicar os concorrentes.

  4. Eu não vejo problema nenhum que tenham retirado todas essas frescuras. Que coisa mais sem sentido, uma viajar de avião para comer, nada a ver. Nessa época onde avião era luxuoso, vale lembrar que as passagens eram muito mais caras, e as classes populares não podiam utiliza-lo. Prefiro hoje, barato e sem frescura.

  5. Ok, as pessoas reclamam que antigamente se servia um bom prato e hoje é apenas uma ‘degustação’. Mas esquecem que, naquela época, quem viajava era quem tinha dinheiro, as passagens não eram nada baratas, o povão ia mesmo de ônibus. Eu fico muito feliz poder ir pra Buenos Aires, por exemplo, gastando 400 ou 500 reais em uma promoção e nem vou me importar em gastar 20 reais num lanchinho no avião. Ha 20 anos atrás você teria um belo prato para comer, mas pagaria 2.000 reais na passagem.
    Todo mundo só lembra do lado bom, me pergunto, quem de vocês, ou seus pais, viajavam de avião como se viaja hoje?

  6. Infelizmente há uma falha nos dados para cálculo. Não é só o preço da azeitona que foi economizado. O avião gasta combustível para embarcar a azeitona alada. Se não há compra da azeitona, há a economia calculada mais a economia de não gastar combustível para faze-la decolar. Quando o passageiro come a azeitona ela continua no avião. Quando o passageiro vai no banheiro ela continua no avião. Não abre uma porta na parte de baixo da fuselagem e se arremessa o esgoto. Fica tudo lá e o combustível tem que ser queimado para levar tudo voando.

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