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terça-feira, março 19, 2024

Um bebê foi fotografado caído numa escadaria sem ninguém fazer nada ao redor?

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Recentemente, em nosso grupo no Facebook, surgiu uma dúvida sobre uma foto de um bebê caído numa escadaria. Não havia nenhuma informação adicional na publicação original, apenas dizia que o amor entre as pessoas estava acabando. O motivo? Diversas pessoas que passavam pelo local simplesmente ignoravam o bebê. Elas olhavam em sua direção e, em seguida, desviavam.

O usuário que compartilhou conosco esse caso nos questionou se as fotos se tratavam de montagens ou até mesmo cena de filme!

O usuário que compartilhou conosco esse caso nos questionou se as fotos se tratavam de montagens ou até mesmo cena de filme!

Entretanto, será que estamos mesmo diante de uma montagem? Será que as fotos são verdadeiras? Será que o bebê foi inserido digitalmente na escadaria? Descubra agora, aqui, no E-Farsas!

Verdadeiro ou Falso?

As fotos são verdadeiras, mas esse caso não é recente! Além disso, o bebê não está morto, apenas dormindo profundamente. Para completar, as fotos, em princípio, não retratam exatamente um bebê abandonado, que tivesse sido deixado a mercê da própria sorte pela família, por exemplo. Vamos explicar direitinho esse caso para vocês e tentar sanar eventuais dúvidas, combinado?

Quando e Onde as Fotos Foram Tiradas?

Muitos sites destinados a publicação de histórias de superação, dramas pessoais ou curiosidades gerais publicam periodicamente essas fotos devido a todo o apelo emocional que elas carregam. No entanto, o caso aconteceu em 2014, em Manila, nas Filipinas. O responsável pelas fotos foi um cidadão chamado AJ Laberinto, um vendedor de livros e fotógrafo de rua. Na época, ele estava apenas começando a registrar os pontos turísticos da cidade, embora já tivesse se deparado com muitas cenas comoventes ao longo do caminho.

Publicação de AJ Laberinto.

Outras fotos tiradas por AJ Laberinto.

Mais fotos tiradas por AJ Laberinto.

Outra foto tirada por AJ Laberinto.

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Segundo o próprio AJ Laberinto, as fotos foram tiradas no dia 14 de maio de 2014 e o bebê fotografado não estava morto, apenas dormindo profundamente. Ele disse que estava com o celular na mão, quando virou em direção a escadaria e se deparou com o bebê. Uma vez que as pessoas já estavam acostumadas a ver muitas crianças de rua e mendigos, elas fizeram o habitual: se afastaram e seguiram em frente. Após tirar as fotos, ele perguntou a alguns populares e pessoas que moravam próximas do local, onde estavam os pais da criança.

Então, em questão de segundos, surgiu uma mulher bem maltrapilha, com roupas sujas, e levou o bebê para longe. Tudo aconteceu de forma muito rápida. AJ Laberinto também disse que, cerca de quatro dias antes, havia comprado comida de bebê para tentar amenizar a situação da criança, mas que ela ainda permanecia nas ruas.

Segundo o próprio AJ Laberinto, as fotos foram tiradas no dia 14 de maio de 2014.

O bebê fotografado não estava morto, apenas dormindo profundamente.

O bebê ainda se encontrava vivendo nas ruas no dia seguinte que as fotos foram tiradas.

A Repercussão da História

Quando AJ Laberinto publicou as fotos em seu perfil, no Facebook, o caso recebeu uma certa notoriedade. A situação do bebê chegou ao conhecimento de Lila Ramos-Shahani poucos dias depois. Na época, Lila era secretária assistente e chefe de Comunicações do Gabinete de Desenvolvimento Humano e Redução da Pobreza (HDPR), que por sua vez consiste no trabalho conjunto de 20 agências governamentais nas Filipinas. Desde 2016, Lila é Secretária-Geral da Comissão Nacional das Filipinas para a UNESCO.

Lila entrou em contato com a Alicia Bonoan, diretora regional do Departamento de Bem-Estar e Desenvolvimento Social (DSDW), e pediu que o departamento investigasse a história e tomasse as devidas providências.

O Resultado da Investigação

Cerca de um mês depois, Lila atualizou seus seguidores, no Facebook, ao publicar o resultado da investigação.

Atualização de Lila Shahani.

Uma equipe do Departamento de Bem-Estar e Desenvolvimento Social foi até o local para atestar a veracidade do relato. Eis o que foi apurado:

  • De acordo com os comerciantes locais, a criança sempre perambulava pela região. Conhecida como Dagul, o menino sempre era visto nu e dormia na referida escadaria. Os comerciantes também disseram que a família do menino morava numa rua próxima da prefeitura de Manila;
  • A equipe do DSDW encontrou a mãe do menino, uma mulher chamada Rosie Tabunares. Ela alegou que não tinha conhecimento do paradeiro do filho desde o dia 18 de maio. Tudo o que ela sabia era que o filho havia sido levado por alguém chamado Rudy. Também disse que tentou procurar pelo menino em diversos locais e distritos de Manila, porém sem sucesso;
  • No dia 25 de maio, Rosie e uma amiga chamada Norma Abdullah viram esse tal de Rudy carregando o menino. Rosie conseguiu reaver a custódia de Dagul com a ajuda do poder público local (barangay);
  • Ainda no dia 25 de maio, uma equipe do DSDW voltou até o local para verificar a situação do menino. De acordo com Rosie, o menino estava sob os cuidados de sua sogra, uma mulher chamada Edith Viscare, em Tondo, um distrito da Manila;
  • A sogra estava ajudando a criar e prover as necessidades básicas do pequeno Dagul.

Documento compartilhado por Lila Shahani.

Alguns Pontos que Ficaram em Aberto

Em sua conta no Facebook, Lila demonstrou contentamento com o resultado da investigação. Ela também disse que o caso continuava sendo acompanhado de perto para evitar que a criança passasse por toda essa situação novamente. Segundo Lila, quando Dagul desapareceu ele estava sob os cuidados da sogra de Rosie, e acabou sendo “abrigado temporariamente por outra pessoa”.

No entanto, alguns pontos ficaram em aberto:

  1. Quem era Rudy? Ele(a) sequestrou o bebê? Ele era o pai da criança? Um(a) conhecido(a) de alguém da famíla ou da vizinhança onde Dagul morava?
  2. Como uma criança dormia tranquilamente numa escadaria sem que numa autoridade pública, agentes de trânsito ou policiais questionassem?
  3. Quais foram as circunstâncias do desaparecimento de Dagul? A sogra teve responsabilidade direta no desaparecimento?
  4. Ninguém realmente fez nada pela criança? Não houve nenhuma outra denúncia anterior por parte de comerciantes?
  5. A mãe alega que não sabia do paradeiro do filho desde o dia 18 de maio, mas as fotos foram tiradas no dia 14 de maio, sendo que a situação do bebê era a mesmo desde, pelo menos, 11 de maio, data em que “AJ Laberinto” alega ter comprado comida de bebê. A mãe mentiu ou confundiu as datas?

Infelizmente, ficamos sem tais respostas.

Conclusão

As fotos são verdadeiras, mas esse caso não é recente! Ocorreu em maio de 2014, em Manila, nas Filipinas. O bebê não estava morto e as fotos, em princípio, não retratam exatamente de um bebê abandonado pelos familiares. O bebê estava apenas dormindo. Ele teria desaparecido enquanto estava sob os cuidados da sogra (Edith Viscare) de sua mãe (Rosie Tabunares). Uma investigação foi realizada, mas não foram apontados os responsáveis pelo seu temporário desaparecimento e nem mesmo sob quais circunstâncias isso aconteceu. Enquanto isso, o bebê acabou sendo cuidado por uma terceira pessoa, que também não foi identificada.

Com a ajuda do poder público local, Rosie conseguiu reaver a guarda da criança, mas a mesma permaneceu sendo cuidada pela sogra. Atualmente, não sabemos o paradeiro do pequeno Dagul, mas fica aqui nossa torcida para que ele esteja vivo e crescendo feliz, saudável, protegido e brincando em algum lugar de Manila!

E a Atitude das Pessoas que Passavam Pelo Local?

Quanto a atitude das pessoas que passavam no local, é bom lembrar que estamos falando de fotos. Temos apenas o registro momentâneo de um grupo de pessoas que estavam passando. Não temos nenhuma filmagem por um longo período de tempo para sabermos qual seria a reação das demais pessoas. Portanto, não podemos atribuir culpa a toda população filipina ou a humanidade. Exemplo disso foi o próprio “AJ Laberinto” que já havia comprado comida de bebê e resolveu expor a situação em suas redes sociais, onde sua voz, talvez, ganhasse força.

Por outro lado, é inegável que moradores de rua com o tempo tenham, infelizmente, se transformado em parte da paisagem urbana, sendo ignorados não somente pela população, mas, principalmente, pelo poder público. Ainda que muitos não possam fazer nada, seja por medo, falta de tempo ou até mesmo condições financeiras, é necessário cobrar providências por parte dos políticos. Aqueles que não zelam pelo bem-estar da população é que devem ser ignorados. E o melhor momento para fazer isso? Na hora do voto.

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Marco Faustinohttp://www.e-farsas.com/author/marco
Jornalista e colaborador do site de verificação de fatos E-farsas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. Entre junho de 2015 e abril de 2018, trabalhei como redator do blog AssombradO.com.br, além de roteirista do canal AssombradO, no YouTube, onde desmistificava todos os tipos de engodos pseudocientíficos e casos supostamente sobrenaturais.

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11 COMENTÁRIOS

  1. Infelizmente isso é uma REALIDADE que existe e as pessoas comuns preferem ignorar não só nas Filipinas, como também aqui no Brasil e em diversos países pelo mundo, inclusive nos desenvolvidos. O sujeito postou isso nas redes sociais, entretanto, a maioria esmagadora dos usuários dessas redes não gostam de expor/ver suas mazelas pessoais e/ou a dos outros (terceiros), incluindo os usuários pobres. As redes sociais são moldadas para ser um ambiente pessoal e comunitário de fantasia “perfeito” e “feliz”. OBS: ao pesquisar sobre os temas “street children”, “children poverty”, “homeless children” etc, há fartos materias a respeito.

  2. Infelizmente isso é uma REALIDADE que existe e as pessoas comuns preferem ignorar não só nas Filipinas, como também aqui no Brasil e em diversos países pelo mundo, inclusive nos desenvolvidos. O sujeito postou isso nas redes sociais, entretanto, a maioria esmagadora dos usuários dessas redes não gostam de expor/ver suas mazelas pessoais e/ou a dos outros (terceiros), incluindo os usuários pobres. As redes sociais são moldadas para ser um ambiente pessoal e comunitário de fantasia “perfeito” e “feliz”. OBS: ao pesquisar sobre os temas “street children”, “children poverty”, “homeless children” etc, há fartos materias a respeito.

  3. Eu vendo uma criança nessa situação não pensaria duas vezes em pega-la nos braços e procurar por ajuda da polícia e não ia sossegar até ve-lo protegido e bem cuidado.

    • Existe uma máfia por trás de mães pedintes, “alugam” ou sequestram crianças, dão remédios para dormir, assim ficam o dia todo pedindo esmolas em pontos com muita circulação de pessoas. A criança comove e conseguem mais esmolas com elas no colo…

    • Eu faria a mesma coisa.
      Um ser inocente, abandonado com certeza pediria a guarda provisória até encontrarem os pais e se tivessem condições para CRIA-LO eu o devolveria.
      Se Não eu criaria sob guarda provisória.
      MUITA falta de humanidade!!!
      Por isso sou 100%a favor da esterilização gratuita para mulheres em todas as classes sociais. PRINCIPALMENTE as humildes.
      Chega de colocar anjinho no.mundo para passar necessidade. ISSO É ASSASSINATO COM TORTURA.

  4. Eu vendo uma criança nessa situação não pensaria duas vezes em pega-la nos braços e procurar por ajuda da polícia e não ia sossegar até ve-lo protegido e bem cuidado.

    • Existe uma máfia por trás de mães pedintes, “alugam” ou sequestram crianças, dão remédios para dormir, assim ficam o dia todo pedindo esmolas em pontos com muita circulação de pessoas. A criança comove e conseguem mais esmolas com elas no colo…

    • Eu faria a mesma coisa.
      Um ser inocente, abandonado com certeza pediria a guarda provisória até encontrarem os pais e se tivessem condições para CRIA-LO eu o devolveria.
      Se Não eu criaria sob guarda provisória.
      MUITA falta de humanidade!!!
      Por isso sou 100%a favor da esterilização gratuita para mulheres em todas as classes sociais. PRINCIPALMENTE as humildes.
      Chega de colocar anjinho no.mundo para passar necessidade. ISSO É ASSASSINATO COM TORTURA.

  5. Mantendo o foco no objetivo de elucidar se é farsa ou verdadeira, gostei não só do que foi pesquisado para investigar a realidade, mas também das questões dos pontos em aberto, e sobre a atitude das pessoas, porque com isso penso que ajuda as pessoas a terem uma atitude mais crítica e cautelosa, que percebam que por trás de uma foto pode haver muita coisa, e não simplesmente ir “compartilhando” com meio mundo. Valeu!

  6. Mantendo o foco no objetivo de elucidar se é farsa ou verdadeira, gostei não só do que foi pesquisado para investigar a realidade, mas também das questões dos pontos em aberto, e sobre a atitude das pessoas, porque com isso penso que ajuda as pessoas a terem uma atitude mais crítica e cautelosa, que percebam que por trás de uma foto pode haver muita coisa, e não simplesmente ir “compartilhando” com meio mundo. Valeu!

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