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terça-feira, março 19, 2024

A UFRJ tinha recebido 21,7 milhões do BNDES para restaurar o Museu Nacional do Rio de Janeiro?

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É verdade que a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tinha recebido R$ 21,7 milhões do BNDES para reformar o Museu Nacional do Rio de Janeiro antes do incêndio, mas não usou o dinheiro corretamente?

A notícia surgiu em publicações nas redes sociais no começo de setembro de 2018, poucas horas após um enorme incêndio estragar quase todo o acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, ocorrido no dia 02 de setembro.

De acordo com o texto compartilhado, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teria disponibilizado R$ 21,7 milhões para a UFRJ que teria ficado incumbida de reformar todo o museu, mas (não se sabe o motivo) essa reforma nunca aconteceu!

Será que isso é verdade? O BNDES havia um dinheiro para a reforma do museu poucos meses antes do incêndio?

Será que a UFRJ sumiu com mais de 27 milhões que o BNDES deu para reforma do Museu Nacional? (foto: Reprodução/Facebook)

Verdade ou mentira?

A primeira página que publicou essa história no Facebook foi a humorística Ministério da Defesa dos Memes, em uma postagem feita na noite de 02 de setembro de 2018. A partir daí, outras páginas começaram a replicar a informação. Todas com o link de uma reportagem de junho de 2018 do site da Agência Brasil.

A verdade é que a página Ministério da Defesa dos Memes “não se atentou” ao fato de que a notícia publicada pela EBC, apesar de usar a palavra “recebe” em sua manchete, explicou na ocasião que a direção do Museu Nacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) somente assinaram um contrato que prevê investimento de R$ 21,7 milhões para o plano de revitalização do prédio histórico. O dinheiro mesmo não chegou a entrar na conta da UFRJ.

Em nota publicada no dia 03 de setembro de 2018, o BNDES explicou que lamenta o trágico incêndio que atingiu o Museu Nacional e que o primeiro investimento ainda iria ocorrer em outubro de 2018. O valor dessa primeira parcela seria no valor de apenas R$ 3 milhões. 

Leia a nota, na íntegra:

“Alinhado ao sentimento de perda do conjunto da sociedade brasileira, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lamenta o trágico incêndio que acometeu neste domingo, 2, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

Na cerimônia de 200 anos da instituição, a que esteve presente em junho último, o BNDES assinou contrato de R$ 21,7 milhões, com recursos da Lei Rouanet, para a terceira fase do plano de investimento de revitalização do Museu (as duas fases anteriores não contaram com recursos do Banco). O primeiro desembolso do contrato entre o BNDES, a Associação de Amigos do Museu Nacional e a UFRJ, cujo prazo total de execução seria de 4 anos, estava previsto para outubro deste ano, no valor de R$ 3 milhões.

O apoio do Banco a essa terceira fase previa elaboração de projeto executivo de combate a incêndio e, por exigência do BNDES, previa também sua efetiva implantação. Estavam incluídos ainda, no escopo do contrato, a remoção de toda a coleção armazenada em solução inflamável para uma edificação anexa ao prédio histórico, a reestruturação do sistema elétrico e a criação de um fundo patrimonial (endowments) para garantir a sustentabilidade financeira de longo prazo do museu (leia outras informações sobre a operação).

Diante do ocorrido, o BNDES está à disposição da direção do Museu Nacional e da Universidade Federal do Rio de Janeiro para redirecionar os recursos já aprovados aos esforços de reconstrução do prédio e, no que for possível, de restauração do acervo.”

Em uma nota publicada pela UFRJ no dia 03 de setembro de 2018, é explicado que a Reitoria deu início a tratativas junto ao BNDES para conseguir recursos para, dentre várias coisas, modernizar o sistema de prevenção de incêndio. Os recursos, segundo a nota, estavam em vias de liberação pelo banco.

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Ou seja, o dinheiro (parte dele) estava em vias de ser liberado, mas ainda “não tava no bolso” de ninguém!

Tragédia anunciada há anos

Essa matéria da BBC mostra que a tragédia já era anunciada há tempos e que o dinheiro do BNDES, apesar de já ter sido aprovado, só iria começar a ser liberado em outubro (depois das eleições).

Em entrevista à Band News FM, Marcos Pereira Vilela, engenheiro eletricista da UFRJ locado no Museu, disse que há mais de cinco anos a administração pública aguardava recursos do banco para o museu. O engenheiro não descartou que um problema no sistema elétrico – em constante mudança, segundo ele – possa ter causado a tragédia.

Conclusão

O BNDES ainda não havia liberado recursos para reformas no Museu Nacional do Rio de Janeiro!

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Gilmar Lopes
Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas. Trabalha com PHP e banco de dados Oracle e é especializado em criação de ferramentas para Intranet. Em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar também tem um espaço semanal dentro do programa “Olá, Curiosos!” no YouTube e co-apresenta o Fake em Nóis ao lado do biólogo Pirulla! Autor do livro de ficção Marvin e a Impressora Mágica!

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9 COMENTÁRIOS

  1. Isso já era sabido. Tenho tentado buscar as duas outras fases…isso ninguém explica. Excelente matéria. Vc foram bem. Porém, existiu duas fases de repasses. É o que foi feito?

  2. Fatos interessantes observados:
    -O museu necessitava de reformas a muitos anos;
    -Diversas notícias já haviam divulgado a urgente necessidade;
    -Diversos Ministros da Cultura já poderiam ter tomado alguma providência;
    -A pasta possuía recursos e várias formas de poder atender, como até chegou a ser sicitado via financiamento do BNDES;
    -Durante o mesmo período, na administração dos três últimos presidentes que criaram o ministério da Cultura e diversas pastas, nada foi feito ao tocante à preservação do patrimônio e acervos desse Ou de outros museus.
    Porém liberou financiamento via BNDES e Lei Rouanet para outras obras e regormas inclusive no exterior!!!
    Nãofoi só má Gestao,total falta de prioridades mas incompetência e desleixo mesmo!
    O que importa era usar dinheiro publico para atender interesses outros.

      • Gilmar, mesmo em se tratando DESTES 21,7 milhões, a questão sobre o que foi feito com os R$ 24 milhões anteriores é PERTINENTE para entender a tragédia. Sei q não é de seu escopo nesse artigo, mas dói ver a nossa história se perder e não saber O QUE FOI FEITO com os 24 milhões anteriores.

  3. Qualquer administrador de pousada verifica o extintor de incendio. Todo diretor serio fecharia o museu por motivo de seguranca. Mas, na UFRJ, ninguem e’ responsavel por nada. Ainda mais quando a reitoria e’ afiliada ‘a partidos radicais, ninguem vai ser investigado, indiciado nem expulso. Brasil, mostra a sua cara…

  4. Não é farsa ! Na própria reportagem da Agência Brasil, leia-se no parágrafo sobre INVESTIMENTO: “O valor previsto no contrato assinado hoje corresponde à terceira fase do plano de recuperação do museu, que tem um total de R$ 28,5 milhões. Mais R$ 24 foram milhões investidos nas fases anteriores.” , ou seja 24 milhões de reais já haviam sido investidos em fases anteriores, de um total de 28 milhões.

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