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sexta-feira, março 29, 2024

O STF perdoou 50 terroristas que incendiaram 2 ministérios em 2017?

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Texto que acompanha colagem de fotos afirma que o STF teria perdoado 50 terroristas que teriam ateado fogo em 2 ministérios em 2017! Será verdade?

As fotos começaram a se espalhar na segunda quinzena de fevereiro de 2021 através de grupos de WhatsApp e mostram incêndios e depredações em prédios públicos. O texto que acompanha a colagem de imagens afirma que as fotografias teriam sido tiradas em 2017, quando – segundo o texto – 50 “terroristas de esquerda” teriam ateado fogo no prédio do ministério da Agricultura e no da Saúde.

O texto ainda levanta uma questão que dá a entender que o Supremo Tribunal Federal (STF) não tomou nenhuma providência contra esses terroristas na ocasião e que ninguém foi preso.

Será que isso é verdade ou mentira?

Texto compartilhado nas redes sociais em fevereiro de 2021: “Lembremo-nos de 2017, quando 50 terroristas de esquerda, devidamente identificados com bandeiras, atearam fogo em dois Ministérios, o da Agricultura e o da Saúde. Alguém lembra se o STF mandou prender alguém por ato terrorista?” (foto: Reprodução/WhatsApp)

Verdade ou mentira?

A fotografia maior da colagem compartilhada em grupos do WhatsApp em fevereiro de 2021 já foi usada em outro contexto anos antes. Em maio de 2017, o então ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, usou seu perfil do Twitter para criticar as depredações de prédios da Esplanada dos Ministérios.Criminosos se manifestando. Punição tem que ser exemplar para quem faz isso e para quem lidera!”, escreveu o ministro:

Reprodução/Twitter

Acontece que a foto é um incêndio de 2005, ocorrido no prédio do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Após perícia, ficou provado que um curto-circuito deu origem ao incêndio (e não por manifestantes).

Já as duas outras fotos menores são referentes a um protesto ocorrido em maio de 2017, contra o governo Michel Temer e a favor de uma reforma trabalhista. O movimento, que reuniu cerca de 35 mil pessoas em Brasília, iniciou de forma pacífica e culminou em depredação e vandalismo após confronto dos manifestantes com a polícia. Um princípio de incêndio ocorreu na entrada de um dos prédios do ministério da Agricultura.

Na ocasião, o ministério da Saúde não foi incediado.

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Uma das fotos (a que mostra um homem jogando um objeto em uma porta de vidro) foi tirada em frente a Esplanada dos Ministérios.

Ninguém foi preso? 

Diferente do que a corrente afirma, o confronto com a polícia e os atos de vandalismo em Brasília resultaram em oito pessoas presas e 49 pessoas feridas naquele dia. O então presidente Michel Temer decretou ação de garantia de lei e da ordem na capital, o que permitiu o uso da Forças Armadas para dissipar os manifestantes.

Em nota, o ministério da Defesa anunciou que 1.500 homens foram mobilizados e que a medida foi exclusiva para os prédios públicos. No dia seguinte, sob críticas nas redes sociais, o presidente revogou o decreto.

Atualização 22/02/2021

Segundo o jornal Correio Braziliense, nenhum dos presos era de Brasília:

“A polícia prendeu três paulistanos, de 19, 18 e 32 anos, por porte de entorpecentes e porte de arma branca. O quarto residente de São Paulo, 35 anos, foi detido por lesão corporal e resistência. Um jovem de 24 anos da Bahia foi levado à delegacia por desacato, três do Espírito Santo, por pichação e porte de arma branca. O trio tinha 47, 34 e 31 anos. Outro homem, de 30 anos, do Recife, também foi detido por dano a bem público. A secretaria informou que, por se tratarem de crimes de menor potencial ofensivo, os detidos assinaram um termo de compromisso e foram liberados. No entanto, eles serão convocados pela Justiça futuramente.”

Conclusão

A informação compartilhada nas redes sociais mistura fotos de casos diferentes ocorridos em 2005 e 2017 e distorce fatos para dar a entender que o STF foi omisso nesse caso. Houve um princípio de incêndio no ministério da Agricultura e oito vândalos foram presos!

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Gilmar Lopes
Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas. Trabalha com PHP e banco de dados Oracle e é especializado em criação de ferramentas para Intranet. Em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar também tem um espaço semanal dentro do programa “Olá, Curiosos!” no YouTube e co-apresenta o Fake em Nóis ao lado do biólogo Pirulla! Autor do livro de ficção Marvin e a Impressora Mágica!

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11 COMENTÁRIOS

  1. Bom dia Gilmar! Os presos foram no local e na hora. A pergunta do texto é se foram julgados e condenados pelo ato, e isso não fica explicado no texto colocado pelo E-farsas.

    • Minha pesquisas foram até aonde o escopo se propunha:
      1 – Verificar se houve incêndio em dois ministérios em 2017;
      Apuramos que o mistério da Agricultura teve um início de incêndio (o da Saúde não foi incendiado)
      2 – Verificar se houve prisões após atos de vandalismo;
      Sim! Houve 8 prisões
      3 – Verificar desde quando essa história circula;
      A mesma desinformação circula desde 2017.

      Cabe a quem fez a acusação e espalhou essas desinformações mostrar também a relação dos tais 50 terroristas. Se quem está acusando não apresenta nenhuma prova, como vou provar que algo não existe?

      De qualquer forma, taí o resultado -> https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2017/05/26/interna_politica,597946/nenhum-dos-presos-por-vandalismo-na-esplanada-e-de-brasilia.shtml
      Segundo o Correio Braziliense, nenhum dos presos era de Brasília. A polícia prendeu três paulistanos, de 19, 18 e 32 anos, por porte de entorpecentes e porte de arma branca. O quarto residente de São Paulo, 35 anos, foi detido por lesão corporal e resistência. Outro era da Bahia, tinha 24 anos foi levado à delegacia por desacato, três do Espírito Santo, por pichação e porte de arma branca. O trio tinha 47, 34 e 31 anos. Outro homem, de 30 anos, do Recife, também foi detido por dano a bem público. A secretaria informou que, por se tratarem de crimes de menor potencial ofensivo, os detidos assinaram um termo de compromisso e foram liberados. No entanto, eles serão convocados pela Justiça futuramente.

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