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quinta-feira, março 28, 2024

Os banheiros na Suíça tem luz azul para atrapalhar os usuários de heroína?

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É verdade que na Suíça os banheiros públicos usam luz azul para dificultar que os usuários de heroína encontrem as veias de seus braços?

A informação surgiu em páginas de factoides no Facebook na segunda quinzena de março de 2018. De acordo com o texto amplamente compartilhado, todos os banheiros públicos suíços utilizam luz azul para dificultar aos usuários de heroína o consumo dessa droga dentro desses locais.

A luz azul, segundo o que diz na publicação, faz com que o usuário de heroína não consiga achar as veias de seus braços, impossibilitando o uso das injeções nesses espaços públicos!

Será que essa informação é verdadeira ou falsa?

Reprodução/Facebook

Verdade ou farsa?

Grande parte dos banheiros da Suíça ainda possuem luz azul. Essa informação é real, mas não há comprovação de que funciona! A ideia inicial era a de “atrapalhar” ou dificultar a vida dos adictos em drogas injetáveis., além de evidenciar sujeiras no local!

No entanto, a ideia que se espalhou em estabelecimentos de outras partes do mundo não parece servir muito para o seu propósito inicial.

Em junho de 2011, o doutor Stephen Parkin – especialista em tratamento de pessoas viciadas em drogas – atualizou seu artigo no site Injecting Advice questionando a eficácia (ou a eficiência) da instalação de luzes azuis em banheiros públicos no combate ao uso de drogas não legalizadas.  

Segundo o que foi apurado pelo doutor, vários estudos feitos ao longo de vários anos vem mostrando que as luzes são ineficazes para o que se havia proposto no começo.

A título de exemplo, separamos um estudo feito em 2013, mostrando que mais da metade dos entrevistados (que consumiam heroína) – no Canadá – não se sentiram “dificultados” com a mudança da iluminação dos banheiros.

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O mesmo resultado foi obtido em estudos anteriores, como esse – de 2010 – onde mais da metade dos participantes da pesquisa afirmou já ter injetado [heroína ou outras drogas] em um ambiente contendo luzes azuis.

Todos afirmaram que, sim, a luz azul tornou as injeções mais difíceis – mas não impossíveis – visto que para grande maioria dos adictos é mais fácil “sentir” a veia do que procura-las com os olhos!

Vários entrevistados afirmaram que simplesmente procuram as cicatrizes das injeções anteriores com a ponta dos dedos para injetar as novas doses…

A discussão foi tanta que, em 2005, o Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do governo do Reino Unido publicou diretrizes para “Tackling Drug Litter Litter” (algo como “Tratar problemas relacionados às drogas”) informando que:

“[…] devido ao aumento dos riscos para os usuários e à falta de evidência quanto à sua eficiência, a iluminação azul não deve ser usada em banheiros públicos para impedir o uso de drogas”

É bom lembrar que lá na Suíça viciados não são tratados como bandidos (como acontece em um país que conhecemos bem) e recebem o tratamento como doentes que são. Como podemos ver em diversos sites locais, o adicto pode ser dissuadido a não usar um banheiro público para “se drogar”, mas basta atravessar a rua para comprar seringas esterilizadas, em máquinas automáticas subsidiadas pelo governo.

Além disso, se usuários de heroína precisam mais do que apenas agulhas estéreis, basta descerem a rua para uma clínica de manutenção de heroína para as suas reabilitações.

O Governo e a sociedade de lá parecem ter entendido que se o usuário, ao invés de roubar para financiar seu vício, receber os serviços de uma enfermeira e de um conselheiro, os índices de criminalidade e as taxas de novos casos de AIDS diminuem.

Conclusão

Vários países aderiram à instalação de luz azul em banheiros públicos como uma forma de dificultar o uso de drogas injetáveis nesses locais. No entanto, estudos vem mostrando – há anos – que esse recurso não diminui o problema, que só tem melhorado em alguns países graças ao apoio da sociedade!

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Gilmar Lopes
Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas. Trabalha com PHP e banco de dados Oracle e é especializado em criação de ferramentas para Intranet. Em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar também tem um espaço semanal dentro do programa “Olá, Curiosos!” no YouTube e co-apresenta o Fake em Nóis ao lado do biólogo Pirulla! Autor do livro de ficção Marvin e a Impressora Mágica!

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