Brasileiro inventa “gasolina sem petróleo” e acaba preso! Será?
Será verdadeira a notícia de um inventor brasileiro que teria criado uma gasolina mais barata e mais eficiente e acabou sendo preso por isso?
A notícia apareceu nas redes sociais na segunda quinzena de julho de 2016 e conta a história do químico brasileiro Gilmar dos Reis que, aos 57 anos de idade, teria criado uma fórmula totalmente inovadora e eficaz de combustível!
De acordo com a reportagem, o empreendedor teria conseguido criar um tipo de “gasolina sem petróleo”, mas sua enorme vantagem em relação aos combustíveis fósseis atuais teria feito com que o Governo (juntamente com a máfia do petróleo) expedisse um mandado de prisão contra o bem-intencionado químico-inventor!
Será que essa notícia é verdadeira ou falsa?
Inventor de uma nova gasolina teria sido preso por causa do seu invento! Será verdade? (foto: Reprodução/Facebook)
Verdade ou farsa?
Uma busca na web sobre essa história nos remete a um fato ocorrido em junho de 2016 na cidade de Campo Bom (RS). Na ocasião, o Jornal de Novo Hamburgo noticiou que o químico Gilmar dos Reis foi preso em flagrante pela Operação Octanagem da 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo e Ministério Público de Porto Alegre.
A acusação era a de que o sujeito estava comercializando combustíveis sem autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), infringindo a Lei n.º 8.176/1991 (que define os crimes contra a ordem econômica).
A polícia constatou que o homem tinha armazenado 600 litros do combustível, além de anotações da fórmula do produto, que era vendido por R$ 3 o litro.
Acontece que o “combustível alternativo” do “inventor” era nada além do já conhecido metanol (misturado com outros compostos químicos), um álcool obtido da destilação seca de madeiras e isolado em 1661.
Conforme explicado no blog especializado em automóveis Flatout, o metanol chegou a ser usado como combustível para carros de passeio em algumas ocasiões, mas seus efeitos corrosivos a longo prazo e toxidade tornaram inviáveis o seu uso em veículos!
Por isso, o metanol é usado atualmente apenas como solvente na produção de polímeros sintéticos, na extração de óleos vegetais e animais e na obtenção do éter metílico-terciobutílico (MTBE) que é usado nos EUA para aumentar a octanagem da gasolina – além de ser usado na indústria para diversos outros fins (menos o de combustível).
Como é explicado nesse verbete do Wikipédia, esse álcool é altamente tóxico e sua venda é estritamente controlada pela Polícia Federal, sendo que apenas empresas cadastradas e com registro das notas fiscais de compra podem comercializa-lo.
O site Brasil Escola explica que:
“[…] a utilização do metanol como combustível foi duramente criticada, pois essa substância polui o meio ambiente, é extremamente tóxica e, em caso de incêndio, sua chama é limpa e clara, praticamente invisível, fato que dificulta o controle do fogo. Outro problema citado é com relação à saúde, visto que o contato frequente com o metanol pode causar câncer, irritação nos olhos, dor de cabeça, vômito, náusea, etc.”
Conclusão
O químico gaúcho não inventou um novo tipo de gasolina. Na verdade, ele foi preso por comercializar “metanol batizado” sem autorização para isso e alguém modificou a notícia para dar a impressão de que ele teria sido pego pela “máfia petrolífera”. Esse tipo de álcool corrói o motor do veículo, além de fazer mal à saúde!
