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Dica de como burlar o teste do Bafômetro. acredite se quiser!

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Dica de como burlar o teste do Bafômetro. acredite se quiser!

E-mail que circula pela rede ensina como fazer para “enganar” o teste do bafômetro!

Essa historia absurda está circulando pela internet desde o começo de julho de 2008, um pouco antes do aniversário de um mês da vigoração da chamada "lei seca". De acordo com o texto, basta fazer o teste do bafômetro com a boca cheia de gelo para que o aparelho não detecte o álcool ingerido.

Pra quem ainda não sabe o que é a nova Lei Seca, trata-se da Lei 11.705, de 19 de junho de 2008, que alterou a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘instituiu o Código de Trânsito Brasileiro’. Essa nova lei de "tolerância zero" pune quem estiver dirigindo embreagado com, além do pagamento da multa de R$ 955, a perda da carteira de motorista por 12 meses e, segundo Marcos Pantaleão, advogado da Comissão de Direito de Trânsito da OAB de São Paulo, – em entrevista ao G1o motorista que se recusar a fazer exames de bafômetros e de coleta de sangue para verificar a quantidade de álcool consumido estará sujeito às penalidades do artigo 165, do CTB. "Este dispositivo, em tese, fere o princípio constitucional que ninguém é obrigado a produzir prova contra si próprio", afirma.

É bom lembrar que o policial está "habilitado" a encaminhar o motorista supeito de embreaguês à delegacia, este fazendo ou não o teste do bafômetro! Mesmo que o motorista Pudim-de-pinga consiga usar de algum artifício para dar uma enganada no aparelho, havendo fortes indícios de bebedeira, o cabra pode ser levado pra DP.  

Como funciona o já tão famoso bafômetro?

Segundo o Wikipédia, "O motorista deve assoprar o bafometro com força no canudinho, que conduzirá o ar de seus pulmões para um analisador contendo uma solução ácida de dicromato de potássio. …O sensor é um elemento formado por um material cuja condutividade elétrica é influenciada pelas substâncias químicas do ambiente que se aderem à sua superfície. Sua condutividade elétrica diminui quando a substância é o oxigênio e aumenta quando se trata de álcool. Entre as composições preferidas para formar o sensor destacam-se aquelas que utilizam polímeros condutores ou filmes de óxidos cerâmicos, como óxido de estanho (SnO2), depositados sobre um substrato isolante. A correspondência entre a concentração de álcool no ambiente, medida em partes por milhão (ppm), e uma determinada condutividade elétrica é obtida mediante uma calibração prévia onde outros fatores, como o efeito da temperatura ambiente, o efeito da umidade relativa, regime de escoamento de ar etc., são rigorosamente avaliados. A concentração de álcool no hálito das pessoas está relacionada com a quantidade de álcool presente no seu sangue dado o processo de troca que ocorre nos pulmões. "

Resumindo; o cara assopra no canudinho e, se tiver uma quantidade acima do normal no sangue, o aparelho detecta!

São várias as versões que estão rondando por aí (uma delas usa e abusa dos palavrões!). Destacamos a versão que está no topo dessa nossa pesquisa: nela um suposto aluno da PUC de Campinas ensina como fazer para "escapar" do bafômetro com um texto muito mal escrito e cheio de erros e contradições, como veremos abaixo:

"Meu nome é Bruno Barreto Alvez. Sou formado em Química pela PUC de Campinas e vou deixar uma dica para escapar do teste do bafômetro desde que você não esteja muito bêbado e não consiga seguir as dicas abaixo: "

Quem é esse Bruno? Será que ele foi aluno da PUC mesmo?

Bom, uma pessoa formada em uma tão conceituada universidade como a PUC não escreveria "esteje", como está escrito em algumas versões;

Entramos em contato com a Assessoria de Imprensa da PUC-Campinas e a assessora, Adriana Furtado, em resposta ao nosso e-mail, avisa:

Informamos que a referida pessoa não é, nem foi, aluno da PUC – Campinas.

As nossas suspeitas se confirmaram! E talvez esse cara nem exista!

Caso você seja abordado, é quase certo que não dê tempo de tomar um copo de coca-cola e sair com a boca cheia de gelo. É bom lembrar que beber ou comer ao volante constitui infração média, ou seja, o infrator se for pego leva multa de R$ 128 e quatro pontos na carteira.

Em um dos parágrafos o texto afirma: 

"4) Se o do policial pedir primeiro documentos e coisa e tal tome outro gole seguindo o mesmo procedimento 3."

É claro que o policial vai pedir os documentos e "coisa e tal", afinal, não foi pra isso que ele te parou?

Mais abaixo, o e-mail diz:

"5) Finalmente o Bafômetro sopre devagar e no mesmo ritmo, mesmo que você tenha tomado um monte mas se sente legal o teste vai dar negativo ou abaixo dos 0,02 mg/l de sangue."

Assoprar o bafômetro devagar invalida o teste! O próprio aparelho avisa da necessidade de se refazer o teste, assoprar de novo. E você pode ter certeza de que o "seu guarda" não vai deixar você dar um pulo lá no carro pra tentar encher a boca de gelo de novo (caso você tenha conseguido encher da 1ª vez!). Nesse momento, a paciencia do policial já deve ter chegado ao limite, né não?

Nas próximas linhas:

"Isto acontece pelo fato do hidrogênio liberado pelo gelo anular a maior parte da associação do álcool no ar do seu pulmão, esta dica é velha e foi descoberta por estudantes de Química Americanos que tiveram que enfrentar o mesmo tipo de punição nos anos 70 e 80. Agora no EUA não se usa mais o bafômetro e sim o teste da faixa que ai não tem estudante, professor, PHD que de jeito."

Os "Caçadores de Mitos", programa australiano popular dos EUA – que, assim como o E-farsas.com, procura desmentir boatos – fez um teste em sua primeira temporada – no episódo sexto – provando que é impossível burlar o bafômetro.

O hidrogênio (ou hidrogênico, como descrito em algumas versões!) liberado pelo gelo é tão insignificante que nem se coubesse duas toneladas de gelo dentro da sua boca não surtiria o efeito desejado.

O e-mail termina dizendo:

"Ps: Em Campinas já passamos por 03 blitzes usando este método, e lembrando que esta dica não adianta no caso de amostra de sangue."

De acordo com o jornal Correio Popular do dia 01/08/2008, a primeira blitz realizada depois da vigoração da lei seca ocorreu no dia 31/07/2008, será que teria dado tempo do rapaz do e-mail (e seus amigos) ter(em) passado por 3 "blitzes" antes mesmo da lei seca entrar em vigor? É bem provável que não, pois a mesma reportagem afirma que não havia bafômetros no perímetro urbano de Campinas. Segundo o jornal, havia apenas os aparelhos nos postos policiais do Km 85 da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) e do Km 120 da Rodovia Governador Adhemar Pereira de Barros, que liga Campinas a Mogi Mirim (SP-340)

Atualização do dia 08 de agosto de 2008:

Somente depois de 2 dias que publicamos essa nossa pesquisa, a Folha On-line fez uma reportagem comprovando o que já havíamos apurado antes: A história é boato puro!

 

Gilmar Henrique Lopes é Analista de Sistemas e, em 2002, criou o E-farsas.com (o mais antigo site de fact checking do país!) que tenta desvendar os boatos que circulam pela Web. Gilmar é o autor do livro "Caçador de Mentiras" pela Editora Matrix e da aventura de ficção infantojuvenil "Marvin e a Impressora Mágica"!

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